quarta-feira, 12 de maio de 2010

A NATUREZA DO CORPO DE JESUS

DÉCIMA PARTE

A NATUREZA DO CORPO DE JESUS

PERGUNTA:- Havendo duas teorias quanto à natureza do corpo de Jesus, a carnal e a fluídica, podeis dizer-nos algo a esse respeito?

RAMATÍS:- Embora respeitando o sentimento elevado de alguns espíritas que, apoiados na teoria de Roustaing, consideram fluídico o corpo de Jesus, na verdade o nascimento do Mestre obedeceu às leis comuns da genética humana. Seu organismo era realmente físico. Evidentemente, tratava-se de um organismo isento de qualquer distorção patogênica própria ou hereditária, pois descendia da mais pura linhagem biológica das gerações passadas. Constituía magnífica expressão anátomo-fisiológica e o seu sistema nervoso era uma rede hipersensível entre o comando cerebral e os seus órgãos de relação.

PERGUNTA:- Mas não seria razoável que Jesus tivesse um corpo fluídico, considerando-se a sua elevada hierarquia espiritual?

RAMATÍS:- Não contestamos que o seu grau angélico faça jus e possa compor um corpo fluídico ou diáfano, idêntico aos já existentes em mundos superiores de outras constelações; porém o cabal desempenho da missão de Jesus no ambiente do vosso planeta exigia-lhe um corpo igual ao de todos os seus habitantes. Teria de ser um organismo tão compacto e vigoroso quanto o reclamavam os imperativos do meio onde deveria viver.

Aliás, em face da revelação científica agora aceita, de que a matéria é energia condensada não se justificam essas preocupações quanto à natureza fluídica ou material do corpo de Jesus. Ante a sua alta espiritualidade, e isto é o que mais importa, o seu corpo nada significa por ter sido mais ou menos denso, ou seja, composto de energia condensada em maior ou menor dose. Essa contingência de “mais” ou “menos” densidade material não seria favorável nem prejudicial a Jesus, pois o seu sacrifício máximo não decorreu das dores físicas que ele teria de suportar no ato de sua crucificação. O seu holocausto mais acerbo consistiu na sua luta de abaixamento vibratório, no sentido de ajustar-se à matéria densa do mundo inferior, em atrito com as vibrações morais do seu padrão angélico. Semelhante descida foi um calvário de angústias que se prolongaram durante mais de um milênio de vosso calendário. Infelizmente, as limitações de vossa sensibilidade moral ainda não voz permitem avaliar a renúncia espiritual de Jesus, decidindo a abandonar o seu paraíso celestial, para descer aos charcos de um mundo animalizado.

PERGUNTA:- A atribuição de um corpo fluídico a Jesus é porque um corpo físico parece-nos uma vestimenta muito grosseira, tratando-se de uma entidade espiritual de sua categoria?

RAMATÍS:- Há que considerar a natureza do mundo em que Jesus viera atuar. Sabeis que um condor dos Andes, que voa de mil metros de altura, precisa de asas grandes e robustas, que não podem assemelhar-se às da delicada borboleta, que só voa de flor em flor. As asas de cada um de tais seres correspondem ao meio em que os mesmos têm de agir. É também o caso do mergulhador, pois embora dispondo de um corpo perfeito, não pode dispensar o escafandro para descer ao fundo dos mares. Que aconteceria a um fidalgo do vosso ambiente civilizado, indo ao pólo enregelado onde moram os esquimós e lá se apresentasse com uma indumentária de camisa de seda e um terno de linho?

Essa preocupação quanto ao corpo de Jesus resulta de uma análise que se atém a superfícies. Buda foi um inspirado sublime e os milhões de budistas jamais discutiram a natureza física do seu elevado mento. Certamente, a Índia estaria abalada espiritualmente, dividida sob divergência religiosa, se uma parte dos crentes afirmasse que a santidade de Buda exigia um corpo esguio e elegante, enquanto outros achassem natural o corpo obeso e nutrido do grande iluminado.

PERGUNTA:- Quanto à origem dessa concepção a respeito do corpo de Jesus ser fluídico, não terá sido produto de uma intervenção malévola do Espaço, quanto à obra de Roustaing, no sentido de tisnar a beleza dos quatro Evangelhos, ou trata-se de uma concepção do escritor, buscando, com isso, enaltecer a pessoa de Jesus?

RAMATÍS:- Essa concepção é ainda um reflexo dos efeitos seculares adstritos aos dogmas, milagres, mitos e tabus copiados da vida de diversos precursores de Jesus. E então, os exegetas do passado atribuíram a Jesus também uma existência mitológica. São de igual teor a ressurreição e a ascensão do Mestre aos céus em corpo e alma.

A Bíblia, apesar da valiosa revelação que encerra do poder e da glória de Deus, registra acontecimentos do mesmo caráter. Algumas concepções capazes de espantar um ginasiano do século atual, ainda continuam a nutrir polêmicas religiosas entre os homens. Aqui, devotos singelos aceitam são os únicos filhos de Adão e Eva. Caim mata Abel e foge para uma região ignorada; porém, a prole humana de raças diferentes, surge em todos os recantos da Terra, como se brotasse do próprio solo. A humanidade terrena ainda continua responsável pelo Pecado Original, devido à imprudência de Adão e Eva, no Éden, em que um caso particular, de comerem um “fruto proibido“, passou a complicar a vida de todas as gerações futuras.

Mesmo entre os espíritas essa disposição para o dogmatismo religioso ainda não foi eliminada completamente, porque a libertação religiosa pregada por Kardec data apenas de um século e meio. Muitas almas, ingressando no Espiritismo, ainda sentem dificuldade para se ajustarem completamente aos novos ditames espirituais da nova doutrina, pois a influência de quinze séculos de submissão dogmática á teologia sacerdotal de todos os povos, não pode ser dissipada em algumas dezenas de anos. Allan Kardec, o cérebro libertador da escravidão religiosa ainda não foi integralmente compreendido em sua ousadia espiritual, quando enfrentou os dogmas seculares que ainda hipnotizam muitas almas temerosas da Verdade!

PERGUNTA:- Mas conhecemos espíritas cultos e sinceros, muito estimados pelo seu labor incessante em favor da doutrina, que ainda defendem, com intransigência, a tese do Jesus fluídico. Acaso essa convicção os prejudica espiritualmente?

RAMATÍS:- Não há mérito nem demérito em admitir ou recusar tal concepção, pois ante o tribunal da Justiça divina, “a cada um será dado conforme suas obras”, e não segunda a sua crença. A crença sem obras de benefício ao próximo ou renovação íntima espiritual é como a árvore estéril; desvaloriza-se porque não dá frutos! No entanto, muitas criaturas que não admitem os atributos messiânicos de Jesus e o consideram apenas um homem incomum, vivem de maneira tão dignificante a sua existência terrena, que podem ser consideradas à conta dos seus verdadeiros discípulos.

No espaço não existem agrupamentos partidários de um Jesus físico ou fluídico, mas apenas consciências felizes ou infelizes, consoante o seu padrão moral. Se Jesus exigisse um corpo fluídico, semelhante privilégio implicaria na condenação do mecanismo da procriação, mediante a qual Deus proporciona o benefício da vida humana no vosso orbe.

Alei divina da preservação da espécie é um fenômeno tão sublime e digno de respeito como os demais fenômenos ou maravilhas do Universo. O seu aspecto deprimente em face do conceito humano é produto exclusivamente da mentalidade animalesca do próprio homem, que subverte a ordem natural de uma técnica criadora em atos condenáveis de lubricidade.

PERGUNTA:- Reza a tradição evangélica que o corpo de Jesus desapareceu do túmulo, e, conforme a lenda, ascendeu ao Céu depois de ressurgido! Porventura essa ascensão do Mestre Jesus em corpo e alma ao Céu depois de ressurgido! Porventura essa ascensão do Mestre Jesus em corpo e alma ao Céu não é suficiente para provar a tese do corpo fluídico?

RAMATÍS:- Jesus-Espírito, encerrada a sua tarefa sacrificial ante a humanidade, guardou o seu corpo no túmulo, assim como o artista genial, após terminar a execução primorosa de sua obra, recolhe o seu instrumento na “caixa”. Seria o caso de Mozart, Bach ou Chopin, que não mais existem como figuras humanas; no entanto, suas melodias admiráveis ainda falam ao sentimento dos que as escutam com devoção. Que importa, pois, o corpo físico ou “fluídico” de tais gênios da música, se o que está vivo e impressiona é exclusivamente o “espírito” das suas composições? Que importa, também, o acontecido com o corpo de Jesus, quando, afinal, a sua Divina Melodia Evangélica de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, é o cântico miraculoso que permanece e transforma muitos Herodes em Vicentes de Paula e Saulos em Paulos?

Ante as filigranas musicais de uma sinfonia deslumbrante de emoções superiores, seria bastante irrisório nos ocuparmos em discutir a “qualidade” da madeira do violino ou do piano utilizados pelos concertistas. Em face da Mensagem ou Sinfonia de Amor Cósmico executada pelo sublime Artista Divino, Jesus, também é importuno e até ridículo nos preocuparmos com a natureza do seu corpo!

Depois do sacrifício na cruz, o corpo de Jesus foi transferido, altas horas da noite, por Pedro e José de Arimatéia, para um jazigo de propriedade deste último, devotadíssimo ao Mestre. E assim, evitavam que os sacerdotes instigassem os fanáticos a depredarem o túmulo do Messias, para desprestigiá-lo como Líder Espiritual.

PERGUNTA:- Muitos espiritualistas aceitam a tese do “corpo fluídico”, por considerarem este tipo de organismo mais compatível como grau espiritual do Mestre. E conforme preceitua a Lei, “a cada um será dado segundo as suas obras”, acham que Jesus, sendo um espírito angélico, deve ser merecedor de um corpo mais refinado, ou seja, menos “pesado”.

RAMATÍS:- Sem dúvida, isso é uma reverência louvável; porém, a utilização de um corpo físico era um imperativo fundamental para que Jesus desempenhasse satisfatoriamente a sua missão no ambiente moral e social do vosso mundo, sem discrepar das injunções humanas. Assim como não é possível erguermos pedras com alavancas de papelão, dispusesse somente de um corpo fluídico. Aliás, ele mesmo afirmou que “não viera destruir a Lei, porém cumpri-la”.

Além da atribuição de Legislador Evangélico, Jesus estava incumbido de outras tarefas determinadas pela Ciência Cósmica, algo conhecido dos Devas, no Oriente. Assim como o Espiritismo é a síntese iniciática mais acessível à mente do homem comum, o Evangelho estruturado por Jesus constitui também a súmula mais compreensível da Ciência Cósmica, para a mente do homem terrícola. Quando os adeptos do Espiritismo penetram cada vez mais no seu âmago, surpreendem-se com as revelações que descobrem identificadas com todas as ciências ocultas e os ensinos iniciáticos. Na intimidade do Evangelho, as singelas máximas pregadas por Jesus identificam-se com todas as leis que regem o próprio Cosmo. (Nota do Médium:- Esse assunto Ramatís o explana satisfatoriamente em sua obra “O Evangelho à Luz do Cosmo”, a sair futuramente)

O Messias, além de Legislador Espiritual, foi o mais avançado cientista encarnado na Terra. Rompendo a fronteira cósmica para a salvação do Homem, proporcionou-lhe a aquisição de luz planetária, no sentido da libertação definitiva da vossa humanidade. Essa é a razão por que o Velho e Novo Testamento afirmam: “O Messias é o Salvador dos Homens”.

PERGUNTA:- Alguns espíritas admitem que o nascimento de Jesus deva ter sido diferente do processo comum da genética humana ou sobrenatural, baseados na seguinte passagem consignada no Evangelho de São Mateus (cap. 11, vers. 11), quando ele declara: “Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher não apareceu alguém maior que João, e, no entanto, apontar seu precursor como o maior dos nascidos de mulher, isso induz-nos à dúvida quanto à natureza do seu corpo.

RAMATÍS:- Embora tenha dito que, entre os nascidos de mulher, não apareceu alguém maior do que João Batista, Jesus também era um “nascido de mulher”, pois se a lenda o assegurou “concebido por obra e graça do Espírito Santo”, Maria, sua mãe, era mulher e teve de gerá-lo. A dúvida, portanto, não é quanto a Jesus ter “nascido de mulher”, pois isso realmente se verificou, mas apenas quanto à sua origem paterna. O Mestre Galileu considerou-se abaixo de João Batista e o exaltou, dizendo que “entre os nascidos de mulher, não aparecera outro maior”, por que além de considerá-lo um líder superior, jamais se vangloriou em sua humildade espiritual. Em conseqüência, Jesus somente explicou que “entre os nascidos de mulher”, João Batista era o maior, porque assim ele considerava o seu precursor, embora também fosse um outro nascido de mulher! A humildade é uma característica das almas iluminadas por virtudes superiores, e, Jesus, espírito excelso e humilde, preferiu situar-se abaixo de João Batista e considerar-se apenas um discípulo movido pelo mesmo ideal.

Sem dúvida, a posteridade reconhece que Jesus era superior a João Batista, seu precursor; mas essa conclusão proveio de um conceito alheio e não julgamento em causa própria pelo Mestre Cristão! A sua categoria espiritual jamais o faria vangloriar-se sobre alguém, ou mesmo dar a entender que o seu nascimento diferia dos demais homens. Isso seria humilhar propositadamente o gênero humano e desmentir a natureza sublime do anjo, o qual, na sua ternura e piedade, ante o pecador, para não diminuí-lo, chega a ocultar a sua própria luz!

PERGUNTA:- Diz o Evangelho (S. Lucas, cap. 24, vers. 39-43) que Jesus, logo após sua morte, apareceu a dois discípulos na estrada de Emaús e falou com eles, surgindo, também, entre os apóstolos, quando Tomé lhe tocou as chagas das mãos para eliminar sua dúvida. Semelhantes aparições do Mestre foram fenômenos de materialização ou apenas vidência desses discípulos?

RAMATÍS:- Jesus não viera destruir a Lei; por conseqüência, todos os acontecimentos ocorridos em sua vida são frutos de condições lógicas e naturais. Quando ele apareceu aos discípulos, na estrada de Emaús, ou na reunião dos apóstolos, em que Tomé exigiu-lhe a prova do “toque físico”, isso foi possível graças à presença de médiuns poderosos entre eles, os quais lhe proporcionaram o ectoplasma necessário para a sua materialização. Em ambos os casos, Jesus materializou-se, porque “todos o viram e lhe falaram”. E se assim não fora, só os videntes o teriam identificado e então a dúvida permaneceria entre os apóstolos destituídos da faculdade mediúnica da vidência. Idêntico fato ocorreu no Monte Tabor, quando Elias e Moisés se materializaram em torno do Mestre Jesus, graças à presença desses discípulos e anciãos essênicos, que podiam doas ectoplasma da melhor qualidade para o êxito do fenômeno.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A IDENTIDADE SIDERAL DE JESUS IX


NONA PARTE

A IDENTIDADE SIDERAL DE JESUS

PERGUNTA:- Jesus não é o governador espiritual da Terra? No entanto dizeis que ele veio da esfera dos “Amadores”, provavelmente de algum orbe situado muito além do nosso sistema solar?

RFAMATÍS:- Mais uma vez tomais a palavra do espírito pelo espírito da palavra, porquanto não estamos nos referindo a qualquer situação geográfica ou astronômica nestes relatos. Jesus deixou o seu reino espiritual apenas quanto à redução do seu campo vibratório e da sua consciência sideral, mas não veio de qualquer outra latitude astronômica ou cósmica. A esfera dos Amadores é um conjunto sideral de almas excelsas e identificadas por um padrão espiritual semelhante ao de Jesus. São espíritos elétricos, entre si, que formam um todo ou coletividade sideral e vibram felizes, unidos pela mesma natureza angélica. Não se trata de uma “esfera material” ou planeta físico, mas de um “estado vibratório” peculiar e de natureza superior. São entidades portadoras de um Amor incondicional; e sentem-se felizes quando eleitas para qualquer missão redentora nos mundos físicos, dispondo-se a todos os sacrifícios em benefício dos seus irmãos que ainda se encontram nesses planos inferiores.

A esfera dos Amadores pode ser concebida à semelhança de uma “esfera social”, “esfera militar”, “esfera científica” ou “esfera religiosa”, em que se agrupam criaturas pela mesma afinidade, simpatia ou tarefas semelhantes. Jesus foi um “Avatar” eleito na esfera dos Amadores para baixar à Terra no tempo predito, porque só um espírito do quilate dessa esfera seria capaz de tanto amor e renúncia para a missão de redimir o homem terreno.

No entanto, desde a origem do vosso orbe, ele jamais deixou de presidir os vosso destinos, atento ao esquema evolutivo traçado há trilhões de anos terrestres na elaboração do atual “Grande Plano”, que vos proporciona a aquisição individual de consciência espiritual.

PERGUNTA:- Em nossas reflexões concluímos que o Amor absoluto e incondicional há de ser, no futuro, uma qualidade comum a toda humanidade cósmica. Mas em face de vossa exposição, parece-nos que só a “esfera dos Amadores” agrupa, realmente, as almas já cristianizadas por esse Amor. Não é assim?

RAMATÍS:- Inegavelmente, o Amo0r é a essência espiritual indestrutível e o fundamento da angelitude de todo ser; mas o anjo, como símbolo da alma perfeita, só é completo quando também já adquiriu a Sabedoria Cósmica. Embora todas as almas afins a Jesus sejam portadoras de amor tão semelhante quanto ao dele, elas podem se agrupar em conjuntos diferente, unidas por outras características e gostos preferenciais.

Não é difícil comprovarmos que a figura tradicional do anjo, cultuada pelo Catolicismo, é realmente um símbolo da alma completamente livre de quaisquer deveres ou preocupações para com os mundos materiais, e goza do livre arbítrio de doar o Seu Amor e Sabedoria a quem melhor lhe apetecer. O Anjo possui duas asas, mas ele só se equilibra, no tráfego do “reino do céu”, quando ambas estão perfeitamente iguais ou uniformes, porquanto a asa direita simboliza o intelecto ou a razão, e a esquerda o coração ou o sentimento. A angelitude ou perfeição exige completo e absoluto equilíbrio entre o Amor e a Sabedoria. Por isso, quem vive na Terra, humilhado e submetido às provas cruciantes da carne, desenvolve a paciência, o amor, a resignação e a ternura. E em futuro próximo, há de voltar à Terra ou a outro orbe, tantas vezes quantas forem necessárias para desenvolver a asa direita, ou seja, a Sabedoria da razão pura.

Em conseqüência, embora a “esfera dos Amadores” congregue espíritos angélicos, cuja característica fundamental é o Amor e a Renúncia da própria vida, para o bem do próximo, não é a única nesse gênero, pois todos os espíritos angelizados e já libertos das encarnações planetárias obrigatórias, embora sejam sábios, também são amorosos. Mas o amor também pode ser manifestado de vários modos e conforme a índole psíquica de cada ser seja um homem ou um anjo. Os Amadores, portanto, são um tipo de espíritos que depois de eleitos para qualquer missão nas crostas planetárias, jamais se prendem aos bens do mundo onde atuam. E além do seu amor incondicional para servir e ser útil em tarefas de alta responsabilidade, a pobreza é a principal característica de suas vidas. Eles não vacilam em suas lutas messiânicas, pois as enfrentam desde o princípio com uma decisão heróica e absoluta renúncia pelo ideal superior que esposam e divulgam. Esse é o tipo dos espíritos peculiares da “esfera dos Amadores”.

Embora o amor incondicional e absoluto seja, realmente, no futuro, uma qualidade comum de toda a humanidade cósmica, tal sentimento toma características peculiares da índole e do temperamento de quem o manifesta.

PERGUNTA:-Poderíeis da um exemplo mais claro, a fim de compreendermos melhor o fato de existirem manifestações amorosas diferentes, de acordo com os temperamentos dos espíritos agrupados na mesma esfera angélica?

RAMATÍS:- Suponhamos um conjunto harmonioso de almas, cujo sentimento fundamental também seja o Amor absoluto, o qual, no entanto, é composto de espíritos que se ajustaram à índole dos ingleses, latinos ou asiáticos. Embora o sentimento predominante entre esses espíritos seja o Amor no mesmo diapasão espiritual, o se sentimento se há de expressar em conformidade com o temperamento e a índole de cada uma dessas raças. Assim, os ingleses seriam fleumáticos e persistentes, os latinos eufóricos e extrovertidos e os asiáticos místicos e introspectivos, cada um impondo o seu cunho característico na prática e na manifestação desse mesmo Amor.

Eis por que tem sido tão diversas asa manifestações do Amor pelos benfeitores da humanidade. Aqui, desenvolve-se e progride a medicina ou a física, graças ao sacrifício ou abnegação de um Pasteur, Édison ou Marconi; ali, Pitágoras, Sócrates ou Spinoza devotam todo o seu pensamento em amenizar a angústia humana pelo medicamento sutil da filosofia; acolá. O gênio de Da Vinci, o espírito agitado de Van Gogh, as privações e a tristeza de Rembrandt, também geraram a beleza e o encanto misterioso da pintura, manifestando o seu amor ao home pela magia das cores. Beethoven, o giante da música, doa ao mundo a Nona Sinfonia, o testamento do Amor em sons; Mozart extingue-se ainda moço, deixando as mais fascinantes melodias para a criatura humana; Bach deixa um monumento musical alicerçado no conceito de que “o objeto de toda música devia ser a floria de Deus!” Tolstoi, Dickens, Cervantes, Victor Hugo e outros manifestaram esse amor tentando novos roteiros na esfera social e moral do mundo; Marco Pólo, Colombo e outros o fizeram na tentativa de estreitar as distâncias da Terra para o mais próximo convívio dos homens!

Portanto, é sempre o Amor manifestando-se nos coloridos mais variados, em conformidade com a índole de cada ser. Muitas vezes o sábio, o gênio ou o cientistas principiam aquecendo o amor em si mesmo, numa satisfação ainda ególatra; no entanto, eis que transborda esse amor além das necessidades e da contenção do ser, para se transformar em doação ao mundo e em benefício da humanidade!

É indubitável que os guias espirituais precursores de Jesus também serviram à humanidade e a ensinaram para o Bem, porque eram de índole amorosa; mas há diferença entre as formas de pregar esse Amor, se compararmos Jesus a Confúcio, Crisna, Buda, Moisés, Zoroastro, Maomé, Ghandi e outros. Só ele enfim, o mais pobre dos homens, também foi o mais rico de Amor!

PERGUNTA:- Há, porventura, outros conjuntos de espíritos afinizados pelo mesmo amor e sabedoria, e que se constituem em esferas semelhantes à dos Amadores?

RAMATÍS:- Existem inúmeras outras esferas espirituais com denominações simbólicas, para conveniente identificação nos registros etéricos ou “akásicos” e que também reúnem espíritos afinizados pelo mesmo sentimento de Amor, quanto à sua linhagem temperamental.

(O “Akasa” é um estado muito mais sutil ainda do que a matéria cósmica, embora não seja o éter propriamente admitido pela ciência como um meio transmissivo. Nele se reflete e se grava qualquer ação ou fenômeno do mundo físico, e que mais tarde os bons psicômetros podem lê-los graças à sua faculdade psíquica incomum. Myers chama a esse estado cósmico de “metaetérico” e Ernesto Bozzano o explica satisfatoriamente na sua obra “Os enigmas da Psicometria”, no VI Caso, à pag. 41. Aconselhamos também, a leitura do capítulo XXVI, “Psicometria”, da obra “Nos Domínios da Mediunidade” de Chico Xavier, e as págs. 191 a 197, da obra “Devassando o Invisível”, de Yvonne A. Pereira.

O mundo espiritual é semelhante a um imenso país cujos estados são constituídos por essas encantadoras esferas de almas harmonizadas por sentimentos e objetivos semelhantes, compondo a humanidade venturosa sob o carinho eterno do Pai! É certo que, em sentido oposto, também existem coletividades satânicas, agrupadas nas regiões trevosas e formando instituições belicosas, em porfia incessante contra as entidades do Bem.

À semelhança da comunidade dos Amadores, citamos a esfera dos “Justiceiros”, constituída por almas cuja jornada messiânica pelo vosso mundo as faz aliar o seu sentimento fraterno e amoroso à energia que reprova os desregramentos dos homens, como foram João Batista, Moisés ou Paulo de Tarso; a esfera das “Harpas Eternas” abrange o conjunto de espíritos eleitos para impregnar a música humana de respeitosa religiosidade, como Orfeu, Palestrina, Bach, Shubert, Hendel, Mozart, Gounod, Verdi, Hayden e outros autores dos mais belos oratórios, missas sinfônicas e trechos religiosos; a esfera dos “Oráculos dos Tempos fonte dos profetas como Daniel, Ezequiel, Jeremias, Job, Isaías, Miquéias, Elezier, Samuel ou Nostradamus; a esfera das “Safiras da Renúncia” inspirou Ghandi, Francisco de Assis, ou Vicente de Paula; a esfera dos “Peregrinos do Sacrifício”, almas que se imolaram por idéias ousadas de esclarecimento espiritual, como João Huss, Giordano Bruno, Joana D’Arc, Sócrates; a esfera das “Pérolas Ocultas, refere-se às almas capacitadas para a revelação dos fenômenos excepcionais da vida invisível, como Antônio de Pádua, Apolônio de Tyana, Dom João Bosco, Tereza Neumann, Home, Eusapia Paladino e outros; a esfera das “Chamas do Pensamento” abrange asa almas do tipo de Hermés, Zoroastro, Platão, Buda, Pitágoras, Krisnamurti e outros autores dos novos rumos para a loibertação mental do homem; a esfera das “Estrelas Silenciosas” reúne espíritos mais raros, em cuja vida física eles se tornam verdadeiros “canais vivos” de receptividade à fluência espiritual do Alto sobre os homens, alimentando seus próprios discípulos só pela sua presença tranqüila e confiante, como Sri Ramana Maharshi, Ananda Moyi Ma, Lahiri Mahasaya, Giri Bala, Babaji e outros iogas. Na esfera dos “Archotes da Procura” salientam-se os espíritos preocupados em investigar a religião pelos caminhos da Ciência, como Blavastki, Max Hendel, William Croockes, Sinnet, Leadbeater, Besant, Kardec e Ubaldi.

Insistimos em dizer-vos que essas denominações correspondem mais propriamente às exigências da linguagem do mundo físico, a fim de fazerdes uma idéia aproximada das peculiaridades manifestas por esses espíritos em seus conjuntos ou esferas siderais, e os motivos principais que os atraem entre si para uma vida feliz e fraterna. Infelizmente não podemos alongar-nos no assunto ou expor-nos particularidades que possam satisfazer a todas as indagações, porque teríamos de esmiuçar-vos matéria de complexa tiptologia sideral. Quando mais tarde compreenderdes a verdadeira significação da paixão de Jesus, na Terra, então podereis aquilatar o sentido exato da terminologia psicológica desses vários grupos de Espíritos, os quais, apesar de sua maneira de agir, não só se congregam para o mesmo fim espiritual, como ainda atendem às convocações dos Instrutores Espirituais em suas missões de sacrifício nas crostas planetárias.

Cada grupo sideral é aproveitado conforme sua índole e talento, pois enquanto certa parte fica no Espaço, intuindo e guiando os encarnados para a maior receptividade dos ensinamentos e revelações do Instrutor situado na matéria, em época devidamente prevista, como aconteceu a Antúlio, Hérmes, Crisna, Buda, Jesus ou Kardec, outros se encarnam na Terra como antenas vivas propagadoras dos novos conceitos espirituais. Então se pode observar, no mundo material, que as grandes transformações e os renascimentos operados nas esferas musicais, da pintura, da ciência, da política ou da religião, não se cingem exclusivamente ao indivíduo que expõe e divulga a nova mensagem, mas, em seguida aderem a ela discípulos, seguidores e simpatizantes atraídos pela natureza do mesmo ideal. No entanto, essa adesão absoluta e jubilosa em torno de igual mensagem de renovação no mundo é sempre fruto de um plano inteligente, sensato e evolutivo a se desdobrar na matéria e controlado pela sabedoria dos Mentores Siderais, assim como ocorreu na propagação do Cristianismo.