quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE O “GRANDE PLANO”


E

O CALENDÁRIO SIDERAL

PERGUNTA:- Que se pode compreender por um “Grande Plano” de aperfeiçoamento dos orbes e das humanidades, que referistes há pouco?

RAMATÍS:- Em outra obra de nossa autoria já descrevemos com certas minúcias o objeto de vossa pergunta, mas vos daremos outra vez uma breve síntese do mesmo assunto. (Vide a obra “Mensagens do Astral”, de Ramatís, cap. “Os Engenheiros Siderais e o Plano da Criação”, no qual se esmiúça com bastante clareza o que se compreende por um “Grande Plano” ou “respiração” de Brahma. O Grande Plano, ou “Manvantqara” da escolástica oriental, que os hindus também classifcam de uma “pulsação” ou “respiração” completa de Brahma, ou de DEUS, é considerado o “tempo exato” em que o Espírito Divino “desce” até formar a matéria e depois a dissolve novamente, retornando à sua expressão anterior. Um Grande Plano abrange a gênese e o desaparecimento do Universo exterior e compreende 4.320.000.000 (quatro bilhões e trezentos e vinte milhões) de anos no calendário terreno, dividido em duas fases de 2.160.000.000 (dois bilhões e cento e sessenta milhões) de anos, assim denominadas: o “Dia de Brahma”, quando Deus expira ou se processa a descida angélica até atingir a fase derradeira da matéria ou “energia condensada”; a “Noite de Brahma”, quando Deus então aspira ou dissolve o Cosmo exterior constituído pelas formas. Assim, cada fase chamada o “Dia de Brahma” e a “Noite de Brahma” perfaz o tempo de 2.160.000.000 anos terrestres, somando ambas o total de 4.320.000.000 anos, em cujo tempo DEUS completa uma “Pulsação” ou “Respiração”, subentendidas pela mentalidade ocidental ocultista como um Grande Plano na Criação Eterna. (Conforme os Vedas, “uma respiração ou pulsação macrocósmica de Brahma ou Deus, corresponde a uma respiração microcósmica do homem”. Os hindus também costumam definir por Manvantara um período de atividade planetária com suas sete raças.

Assegura a vossa ciência que o Universo se encontra em fase de contínua expansão; assemelha-se à gigantesca explosão dilatando-se em todos os sentidos. Efetivamente, a imagem está próxima da realidade; entretanto, como o tempo no vosso mundo é relativo ao calendário humano, não podeis avaliar essa explosão na eternidade da Mente Divina. Para Deus, esse acontecimento entre principiar e cessar a explosão e tão instantâneo como o explosivo que rebenta no espaço de um segundo terrestre. No entanto, desde os velhos iniciados dos Vedas e dos instrutores da dinastia de Rama, esse tempo de expansão, que é justamente quando Deus cria a depois dissolve o Universo Exterior, é conhecido por “Manvantara”, e significa um período de atividade e não de repouso, podendo ser concebido no Ocidente como um “Grande Plano” ou “Respiração” completa do Criador, dividida na diástole e sístole cósmicas. (NOTA DO REVISOR:- Sob admirável coincidência, justamente quando revíamos aas provas do presente capítulo, surpreendemo-nos pelo artigo “Universo em Expansão”, de Mendél Creitchmann, publicado no jornal “O Estado do Paraná”, de domingo, dia 17 de janeiro de 1965, cujo trecho de interesse transcrevemos a seguir: “UNIVERSO EM EXPANSÃO – A solução de Friedman, matemático russo, das equações de Einstein acerca do universo, conduziu à possibilidade de um Universo em expansão ou contração. Como relatamos em capítulo anterior, esse matemático descxobriu um engano na solução final das equações sobre o universo elaboradaas por Einstein. Um dos tipos de Universo que aas equações indicam é o que chama Gamow de pulsante.

Admite este modelo que, quando o Universo atingisse uma certa expansão máxima permissível, começaria a contrair-se. A contração avençaria até que sua matéria tivesse sido comprimida até uma densidade máxima, possivelmente a do material nuclear atômico, que é uma centena de milhões de vezes mais denso que a água. Que começaria então novamente a expandir-se, e assim por diante através do ciclo até o infinito”.

Hosanas, pois, AOS VELHOS MESTRES DO Oriente, que há mais de 4.000 anos vêm ensinando o “Universo Pulsante” através dos Manvantaras, da Grande Respiração ou pulsação Brahma, ou Deus, cuja diástole, e sístole cósmicas correspondem exatamente à concepção de um Universo em expansão e contração, da nova teoria científica dos astrônomos modernos. Pouco a pouco desvendam-se os símbolos da escolática hindu, e graças à cooperação da própria ciência acadêmica, ergue-se o “Véu de Ísis” e surge o ensinamento ocultista oriental em todo o seu preciosismo e exatidão cinetífica. Em suma: aquilo que para Deus se sucede no “tempo” simbólico de um segundo terrestre, para nós, suas criaturas, abrange 4.320.000.000, (quatro bilhões e trezentos e vinte milhões) de anos terrestres. Isto significa para Ele a sensação comum que tereis com os fogos de artifícios. O Cosmo, eliminada a idéia de tempo e espaço, é apenas uma eterna “Noite Feérica” e infinita festa de Beleza Policrômica, decorrendo sob a visão dos Espíritos Reveladores da Vontade e da Mente Criadora dos Mundos.

O Universo é a sucessão consecutiva de “Manvantaras” ou “Grandes Planos”, a se substituírem uns aos outros, nos quais se formam também as consciências individuais, que nascidas absolutamente ignorantes e lançadas na corrente evolutiva das cadeias planetárias, elas despertam, crescem, expandem-se, absorvem o “bem” e o “mal” relativos às faixas ou zonas onde estacionam e depois, conscientes do seu próprio destino, atingem o grau da “angelitude”! Deste modo, os espíritos angélicos, como consciências participantes do Grande Plano, passam então a orientar e “guiar” aqueles seus irmãos, almas “infantis” que vão surgir no próximo Grande Plano ou “Manvantara” vindouro. Esta é a Lei Eterna e Justa; os “maiores” ensinam os “menores” a conquistarem também a sua própria Ventura Imortal!

A consciência espiritual do home, à medida que cresce esfericamente, funde os limites do tempo e do espaço, para atuar noutras dimensões indescritíveis; abrange, então cada vez mais, a magnificência real do Universo em si mesma, e se transforma em Mago a criar outras consciências menores em sua própria Consciência Sideral.

A criatura humana, que vive adstrita ao simbolismo de tempo e espaço, precisa de ponto de apoio para firmar sua mente e compreender algo da criação cósmica e da existência de Deus. Os Grandes Iniciados têm amenizado essa dificuldade compondo diagramas especiais e graduado as diversas fases da descida do Espírito até à expressão matéria, como no caso dos “Mantavantares” ou Grandes Planos, em que avaliam os ritmos criadores mais importantes para auxiliar o entendimento do homem e fazê-lo sentir o processo inteligente de sua própria vida. É uma redução acessível ao pensamento humano, embora muito aquém da Realidade Cósmica, mas é a expressão gráfica mais fiel possível. Os hermetistas, induístas, taoístas, iogas, teosofistas, rosa-cruzes e esoteristas têm norteado os seus estudos com êxito sob esses gráfico9s inspirados pelos Mentores Siderais desde a extinta Atlântida. (Vide: “Mensagens do Astral”, cap. “Os Engenheiros Siderais e o Plano da Criação “A Sabedoria Antiga”, de Annie Besant, “A Doutrina Secreta”, de Blavatsky, “O Conceito Rosa-Cruz do Cosmo”, de Max Handel, cujas obras, embora apresentem esquemas e expressões peculiares, ajudam os leitores a maior receptividade do processo real da Criação e da Vida Imortal.

Da mesma forma, os Mestres Siderais necessitam de alicerçar os eventos da Criação dentro de um programa de previsão disciplinada, para que os acontecimentos de maior importância, a ocorrerem nos orbes planetários, como a descida de Instrutores Espirituais, efetuem-se em perfeita concordância com as fases evolutivas das humanidades encarnadas. Assim, embora a vida angélica possa transcorrer acima da idéia ou do simbolismo de “tempo” e “espaço” da convenção humana, o Alto precisa cingir-se a um esquema de controle sideral, quanto às suas relações e determinações cármicas ou evolutivas com os mundos materiais. Em conseqüência, o prosaico calendário da humanidade terrena, que lhe disciplina as atividades baseado na translação e rotação do planeta Terra em torno do Sol, nada mais é do que uma decorrência do “calendário sideral” fixado pelo Alto para controlar os fenômenos do próprio Cosmo!

PERGUNTA:- Será possível esclarecer-nos, com algum exemplo objetivo, quanto a esse calendário sideral, com que os Diretores do nosso sistema disciplinam os principais eventos dos orbes, tal como a descida de Jesus e a sua missão sacrificial?

RAMATÍS:- Se no vosso mundo há um calendário, para disciplinar todos os fenômenos e os fatos da vida humana, dividido em pequenos ciclos chamados dias, semanas e meses, e grandes ciclos denominados anos, séculos ou milênios, é evidente que a Administração Sideral também possui o seu modo especial de marcar os acontecimentos que se sucedem no Cosmo, com relação a cada planeta e sua humanidade, dentro de uma convenção de “tempo” e “espaço”. Porventura as principais datas nacionais de vossa Pátria, e o Natal ou o Ano Novo, já não se encontram devidamente determinados no calendário terreno, para que não aconteça confusão, desmandos ou imprevistos? Se não fora esse calendário como atenderíeis, sem perturbações, às vossas relações sociais, especulações comerciais, porfias esportivas, obrigações religiosas, intercâmbios turísticos, regosijos artísticos, congressos científicos, nascimentos, natalícios, esponsais e até o culto fúnebre da morte?

Sem dúvida, a administração de um sistema solar e mesmo de um orbe é bem mais complexa e importante do que o controle das atividades humanas; e os seus motivos também exigem um sistema ou ordem capaz de prever disciplinadamente todos os acontecimentos futuros mais importantes. Assim como o homem coordena o simbolismo do tempo em sua mente “finita”, graças à tabela do seu calendário, a Administração Sideral disciplina os seus eventos cósmicos prevendo, marcando e controlando os acontecimentos principais que se sucedem e se desdobram no decorrer de um “Grande Plano”.

Os diretores do Sistema Solar, ou do berço da Terra, também precisam situar-se na idéia de “tempo” e “espaço”, para interferir no momento justo das necessidades de reajuste planetário e intensificação espiritual das humanidades dos orbes sob sua direção.

Eis, pois o sentido da Astrologia! Ela é o calendário sideral e a marcação cósmica de que se serve a Administração Sideral do orbe para assinalar os eventos excepcionais em perfeita concomitância com o próprio calendário do homem. A ciência acadêmica zomba dos acontecimentos previstos nos esquemas zodiacais, mas ainda ignora o mecanismo que disciplina o processo astrológico. Até à Idade Média a Astrologia foi considerada uma Ciência; no entanto, quando o Clero se apoderou de suas bases científicas e as deixou misturar-se com aas lendas miraculosas tão comuns às fórmulas das religiões em crescimento, então ela se deturpou no seu verdadeiro sentido e interpretação. A Astrologia, em verdade, é o espírito da Astronomia, que se manifesta pela sua influência fluídica e magnética na composição de signos, situações de astros e conjunções planetárias. Alias, não nos referimos ao comércio de horóscopos a domicílio, que assinalam os dias favoráveis para os “bons negócios” ou os dias aziagos para os seus consulentes, em concorrência com a “buena dicha” dos ciganos!

Ela é o calendário sideral, cujos “signos” significam os dias comuns, sucedendo-se no mesmo ritmo limitativo e semelhante à marcação da folhinha humana; as conjunções, no entanto, seriam as datas excepcionais, os marcos mais importantes e menos freqüentes. A Astrologia, como um calendário sideral, que limita um “tempo” dentro do mesmo ciclo de Criação e dissolução do Cosmo material, facilita aos Diretores do Sistema Solar prever o momento em que se efetuam asa modificações da estrutura dos orbes e os eventos evolutivos ou expiatórios de suas humanidades. Por isso os ocultistas, iogas e os astrólogos orientais conhecem que o tempo exato de um “Manvantara”, ou “Grande Plano”, do calendário sideral, compreende exatamente 4.320.000.000 anos terrestres, em processo disciplinado em torno da Terra pela sucessão de signos e de conjunções astrológicas. (Vide a obra “Mensagens do Astral, principalmente os capítulos “As influências Astrológicas”, “O signo de Piscis” e “Os Engenheiros Siderais e o Plano da Criação nos quais o assunto está esmiuçado e não comporta repeti-lo nesta obra, cujo objetivo essencial é a figura de Jesus).

Assim, quando a Terra se colocou sob a influência suave do signo de Piscis, e da conjunção de Saturno, Júpiter e Marte, era o momento exato de Jesus nascer, determinado e escolhido pelos Mentores Siderais, assim como podeis situar o Natal para a realização de algum fato de importância em vossa vida. O certo é que não houve deslocação de uma “virgula” no esquema sideral do Universo, para Jesus nascer sob o signo de Piscis e da conjunção de Saturno, Júpiter e Marte. Tudo já estava previsto nos planos da Engenharia Sideral e na sucessão do atual Grande Plano em que viveis.

A DESCIDA ANGÉLICA E A QUEDA ANGÉLICA

SEXTA PARTE


PERGUNTA:- Poderíeis esclarecer-nos qual é a diferença entre a “descida angélica” e a “queda angélica”, a fim de compreendermos melhor a descida vibratória de Jesus ao nosso mundo físico?

RAMATÍS:- A descida angélica é quando o Espírito de Deus desce vibratoriamente até o extremo convencional da Matéria, cujo acontecimento é conhecido pelos hindus como o “Dia de Brahma” e distingue o fenômeno da criação0 no seio do próprio Criador. É uma operação que abrange todo o Cosmo, ainda incompreensível para o homem finito e escravo das formas transitórias. A queda angélica, no entanto, refere-se especificamente à precipitação ou exílio de espíritos rebeldes, que depois de reprovados na tradicional seleção espiritual de “Fim dos Tempos” ou de “Juízos Finais”, Transladam-se do orbe de sua moradia para outros mundos inferiores. Os reprovados colocam-se simbolicamente à esquerda do Cristo, que é o Amor, e emigram para outros planetas em afinidade com a sua índole revoltosa e má, a fim de repetirem as lições espirituais negligenciadas e então recuperarem o tempo perdido mediante um labor educativo mais rigoroso.

Daí a lenda da “queda dos anjos”, que se revoltaram contra Deus; e depois de expulsos do Céu transformaram-se em “diabos” decididos a atormentar os homens! Aliás, tais “anjos” são espíritos de inteligência algo desenvolvida, que lideraram movimentos de realce e foram prepotentes nos mundos transitórios da carne, onde se impuseram por um excesso intelectivo, causando sérios prejuízos ao próximo. Maquiavélicos, cruéis ou astutos, renegam-se _a retificação espiritual espontânea e opõem-se veementemente contra quaisquer diretrizes redentoras que lhes façam sofrer ou lhes exijam a renúncia, o perdão e a prática do amor ensinados pelo Cristo-Jesus! São obstinados, argutos e arrojados, mas profundamente egotístas cedem no seu orgulho e recusam-se a aderir a qualquer princípio crístico do mundo angélico! O seu conceito radical e obstinado é o seguinte: “O mundo material pertence aos homens e o Céu aos anjos”! Então eles caem de suas posições prestigiosas e perdem-se pelo despotismo, pois se a razão lhes dá a medida exata do mundo de formas, infelizmente isso lhes aniquila o senso intuitivo da realidade espiritual! Os anjos decaídos são espíritos rebeldes a qualquer insinuação redentora que lhes fira o orgulho ou lhes enfraqueça a personalidade humana!

Quando encarnados, mobilizam seu talento incomum para demolir as instituições e os movimentos que exaltem as virtudes da alma e fortaleçam o comando angélico; quando desencarnados, filiam-se a qualquer empreitada satânica do mundo astral, desde que tenha por objetivo combater as hostes do Cristo! Aviltam-se pela obstinação furiosa contra os poderes angélicos e se endurecem no sentimento ante a recusa de aceitar o processo cármico redentor através do sofrimento ou da humildade. Em verdade, eles se envergonham de aderir à ternura, à tolerância e ao amor pregados por Jesus.

Mas depois de exilados para os orbes inferiores, submetidos ao tradicional processo seletivo de “Fim de Tempos” ou “Juízo Final”, esses “anjos” decaídos terminam cedendo em sua estrutura personal orgulhosa, quer enfraquecidos pelos vícios incontroláveis, como destroçados pelas paixões devoradoras! Destruído o paredão granítico de sua vaidade e orgulho, então lhe reponta a fulgência da luz angélica que palpita no âmago de toda criatura. Sem dúvida, essa imigração de anjos decaídos, ou de espíritos rebeldes, de um orbe superior para outro inferior, evita o período da saturação satânica no ambiente astralino das humanidades, porque a carga nociva alijada faz desafogar a vida espiritual superior, tal quais as flores repontam mais vivas e belas nos jardins que se livram das ervas malignas!

Em conseqüência, tem fundamento a lenda bíblica da “queda dos anjos”, embora, às vezes, alguns a confundam com o processo da “descida angélica”, o que é bem diferente e refere-se a quando Deus cria os mundos planetários e se manifesta exteriormente, no ciclo de um novo Grande Plano criador. (Parece-nos que o consagrado Prof. Pietro Ubaldi, autor da “Grande Síntese”, confundiu a queda angélica com a descida angélica, em sua obra “Deus e o Universo” – cap. V, pág. 64, 1ª. Edição. Conforme diz Ramatís, na descida angélica, “Deus desce até a fase-matéria e cria o Universo exterior das formas; porém, na queda angélica, os espíritos reprovados na seleção espiritual dos seus mundos eletivos, precisam repetir as mesmas lições noutros orbes inferiores, para onde são exilados”. Acreditamos que o conhecimento espiritista da reencarnação seria suficiente para Pietro Ubaldi ajustar a sua tese.Aconselhamos os leitores a examinarem os excelentes artigos de Henrique Rodrigues, na “Revista Internacional do Espiritismo” ns. 7 a 10 de 15 de julho e 15 de novembro de 1956, assim como a análise de Edgard Armond, inserido no “O Semeador”, n. 140, de junho de 1956, órgão da Federação Espírita de São Paulo, que abordam o assunto da queda dos anjos, na obra “Deus e o Universo”, de Pietro Ubaldi.

PERGUNTA:- Considerando-se a descida dificultosa de Jesus à Terra, qual seria, então o processo de retorno ao seu mundo angélico, depois de sua desencarnação na cruz e do término de sua heróica missão?

RAMATÍS:- Enquanto o Espírito superior, na sua descida, algema-se à carne pela redução de sua energia perispiritual, então ele se liberta quando retorna aos seus paramos de luz, num processo oposto, que é a aceleração energética. No primeiro caso é o aprisionamento opressivo na forma, e, no segundo, a libertação para reassumir a sua condição Natural superior. Jamais se pode comparar a ascensão ou retorno espontâneo de Jesus em direção ao seu mundo angélico, operação mais fácil e libertativa, com sua descida vibratória tão difícil e tormentosa! Ascensionando, ele abandonou a matéria em fuga energética natural acelerada; mas a descida reduziu-lhe a função normal de sua delicada contextura perispiritual e a própria memória sideral se obscureceu para poder se ajustar aos limites acanhados do cérebro humano!

Como a Técnica Sideral não consegue elevar a freqüência vibratória dos planos inferiores até ao nível energético de um espírito do tipo de um Jesus, ela precisa processar-lhe, gradualmente, a redução perispiritual de plano superior para plano inferior, até ajustá-lo ao casulo carnal. Essa operação sideral redutora implica na incorporação sucessiva de energias cada vez mais inferiores e letárgicas na vestimenta resplandecente da entidade em descenço. Embora seja um exemplo incorreto, lembramos que o mergulhador, além de vestir o escafandro pesado e opressivo, ainda fica circunscrito à natureza da fauna e à densidadde diificultosa no meio líquido onde opera. Sem dúvida, é bem grande a diferença do escafandrista oprimido no seio da água, com o homem em liberdade no ambiente gasoso da superfície terrena, onde o oxigênio dispensa aparelhamentos especiais para ser absorvido.

Mas apesar de todas as dificuldades e óbices à sua elevada natureza espiritual, Jesus, o Sublime Amigo do homem, não hesitou em aceitar o sacrifício sideral de deixar o seu mundo de Luz, para submeter-se heroicamente às leis e às formas escravizantes do planeta Terra.

PERGUNTA:- Consoante vossa descrição, , deduzimos que Jesus ainda continua a sofrer os impactos vibratórios hostis do mundo material, caso um estado angélico não imunize o Espírito contra as reações dos planos inferiores.

RAMATÍS:- É obvio que no seu excelso “habitat”, Jesus não solfre o impacto das forças inferiores, pois estas só o afetaram enquanto ele precisou situar-se no seio da matéria. O seu padrão angélico o torna imune às freqüências vibratórias mais grosseiras, assim como o pó não afeta a luz do Sol e as ondas hertzianas não se deformam de encontro ao charco. No entanto, se o Sol precisasse habitar o banhado, é obvio que ele também sofreria as suas emanações fétidas. Quando em liberdade espiritual, o imenso campo áurico de luz e a emanação crística de Jesus ainda alentam e purificam os seres mais ínfimos que lhe tomam contato, mas não o hostilizam como seria na Terra. Mas na sua descida espiritual até a matéria, ele teve de nivelar-se às vibrações contundentes das faixas retardadas e próprias de cada plano inferior em que se manifestava.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A descida vibratória do Mestre

QUINTA PARTE

A descida vibratória do Mestre, para atingir o vosso plano físico, foi apenas uma fase à qual ele se ajustou por amor ao vosso mundo, reduzindo o padrão de suas funções angélicas para desempenhar, com sucesso absoluto, a sua missão de salvador da humanidade. Não podeis subestimar as fronteiras vibratórias que separam e disciplinam as várias manifestações da vida cósmica. É muito longa a faixa ou distância existente entre um anjo e o homem. E Jesus, sendo a mais alta entidade presente no vosso mundo, obviamente, com sua poderosa vontade, mobilizou os espantosos recursos necessários para executar fielmente o Divino Mandato da sua tarefa messiânica.

Na impossibilidade de requintar ele a matéria ou elevar o padrão vibratório dos planos intermediários entre si e a Terra, o único recurso viável do cientificismo cósmico teria de consistir na sua ”auto-redução” aos veículos que deveria incorporar gradativamente, quais elos de ligação dos planos subangélicos até à carne. O escafandrista, ao descer ao fundo dos mares, embora permaneça senhor de sua consciência, fica circunscrito ao meio líquido, à sua fauna e densidade; a sua capacidade normal, do meio externo, fica reduzida. Tal descida exige-lhe uma técnica especial e uma prévia adaptação às leis naturais do plano aquático onde vai fixar-se e agir.

Jesus, qual andorinha a debater-se no lodo viscoso da um lago, deixou-se submergir no “mar” da vida humana, ajustando-se heroicamente às contingências sombrias do planeta. Se ele pudesse ficar-se, instantaneamente, no corpo físico, na fase de sua gestação, seria o mesmo que alguém conseguir, de um golpe, aprisionar um raio de sol num vaso de barro!

O Messias, cuja aura é imenso facho de luz a envolver a Terra, - do que a sua transfiguração no Tabor nos dá uma pálida idéia – teve que transpor densas barreiras fluídicas e enfrentar terríveis bombardeios mentais, satânicos, suportando os efeitos da viscosa névoa magnética do astral inferior a envolver a sua aura espiritual. Vapores sádicos atingiram-lhe o campo emotivo-angélico, no turbilhão de vendavais arrasantes produzidos pelas paixões tóxicas da humanidade ainda dominada pelos instintos animalizados!

Em sentido inverso, após o seu sacrifício no Calvário, o seu retorno ao mundo celestial foi um desafogo, uma libertação dos liames grosseiros que o retinham na Terra.

Se Jesus não suportou sofrimentos acerbos na sua descida para a matéria, só por tratar-se de um espírito angélico, é obvio que ele também teria sido insensível às reações contundentes da vida carnal e jamais sofreria em sua existência messiânica. A alma sublime, à medida que ingressa nos fluídos mais grosseiros dos mundos materiais, para aí viver e se manifestar, ela também sofre os impactos, os efeitos e as reações próprias desse ambiente hostil, pois não pode eximir-se da ação e reação das leis físicas criadas por Deus na dinâmica dos mundos materiais.

A descrença dos espíritas e sua dúvidas de Jesus gastar quase mil anos no esforço sublime de baixar à Terra talvez resulte desse longo período tão impressionável para os homens. Um milênio do calendário humano avulta na mente do homem, pois ele mal atinge a média de 60 ou 80 anos de idade na sua vida terrestre. Para quem coordena sua existência pela contagem da folhinha humana, é demasiadamente extenso, e até inverossímil, que Jesus tenha consumido mil anos para a descida vibratória e apenas vivido 33 anos na face da Terra. Contudo, a mesma medida milenária capaz de produzir tanta impressão no cérebro humano, não passa de fugaz minuto no relógio da Eternidade, pois os espíritos vivem fora do espaço e do tempo das convenções terrenas. A descida milenária de Jesus foi somente uma etapa prevista pela Técnica Sideral, quando ele reduziu o seu poder e a sua consciência angélica por amor à humanidade, a fim de comparecer pessoalmente à “escola primária” terrena e entregar a mensagem salvadora. Mas a sua peregrinação do Céu à Terra, foi-lhe dolorosa e sacrificial, lembrando o príncipe que deixa o seu palácio resplandecente para descer aos charcos onde vivem cancerosos, réprobos e leprosos, junto aos quais ele não se livra de aspirar-lhes as emanações empestadas, nem mesmo evita de sofrer alguns danos em sua veste fidalga. Aliás, conforme diz um velho provérbio popular, “no meio do espinheiro, rasga mais facilmente o traje de seda do que a veste de couro”!

Malgrado a dúvida suscitada por protestantes, católicos e espíritas, eles não podem anular a diferença vibratória existente entre o mundo angélico e o mundo humano. Caso Jesus resolvesse encarnar-se na Terra, então já de há muitos anos ele teria iniciado a sua descida vibratória, obediente às mesmas leis imutáveis que lhe disciplinaram a encarnação messiânica há dois mil anos.

Se a descida angélica da Mente Divina até a fase-matéria, que forma o mundo das formas exteriores, é disciplinada por leis fixas que regulam essa expansão do Espírito de Deus para fora de Si Mesmo, por que a manifestação de Jesus na carne humana deveria contrariar o ritmo cósmico da Criação?

PERGUNTA:- a Bíblia, porventura, faz alguma referência que confirme ou esclareça essa descida milenária do Mestre Jesus, assim como explicais?

RAMATÍS:- Quando Moisés terminou sua missão combativa, e por vezes até cruel, no seu compromisso de codificar a idéia de um Deus único entre o povo hebreu retirado do Egito, Jesus então estabeleceu os planos para a sua descida messiânica à Terra, a fim de reajustar os ensinamentos dos seus predecessores. O profeta Isaias, tocado pela graça do Senhor e pressentindo essa “descida vibratória” do Mestre Cristão, então anuncia o seguinte: “Já um pequenino se acha nascido para nós, e um filho dado a nós, e o nome com que se apelidará será Deus forte, Pai do futuro século, Príncipe da Paz. O seu império se estenderá cada vez mais e a Paz não terá fim” (Cap. IX, v. 6 e 7). Miquéias também alude ao mesmo fato, dizendo: “E tu, Belém, tu és pequenina entre os milhares de Judá, mas de ti é que há de sair aquele que há de reinar em Israel, e cuja geração é desde o princípio, desde os dias da eternidade” (Cap. V, vers. 2).

PERGUNTA:- Disseste há pouco que até certas almas sem grandes credenciais psíquicas podem encontrar dificuldades na sua descida para a carne. Poderíeis assinalar qualquer obra mediúnica, ditada por Espíritos de confiança e através de médiuns criteriosos, capaz de ajudar-nos a associar acontecimentos semelhantes com a descida sacrificial de Jesus por entre os fluidos densos do nosso planeta?

RAMATÍS:- Embora reconhecendo a excelente bibliografia espírita que já existe a esse respeito, citaremos algumas obras mediúnicas de nossa confiança, de preferência través da psicografia de Chico Xavier. Na obra “Voltei” ditada pelo espírito de Irmão Jacó, à pag. 127, o autor menciona uma centenas de espíritos singularmente iluminados, em profunda concentração, e assim explica: “Aqueles são vanguardeiros da pureza e da sabedoria, que fornecem fluidos para materializações de ordem sublime”. Em “Libertação”, André Luiz, outro espírito, à pag. 41, alínea 11, registra idêntica cena: “Os doadores de energia radiante, médiuns de materializações em nosso plano, se alinhavam, não longe, em número de vinte”.

No entanto, essas providências técnicas transcendentais não se referiam ao nascimento na carne, mas apenas para se materializarem Espíritos no próprio mundo astral adjacente à Terra, a fim de poderem efetuar curtas preleções na colônia designada pelo nome de “Nosso Lar”. Malgrado ainda se tratarem de acontecimentos exclusivos do plano espiritual, assim mesmo eles requeriam complexos recursos e a mobilização de energias superiores de sustentação de um campo vibratório acessível às entidades comunicantes de natureza superior. Imaginai, então, o dispêndio de forças e as indescritíveis atividades siderais mobilizados pelo Alto, a fim de que Jesus pudesse se reduzir no seu comando espiritual e na sua aura refulgente, para pode vestir o opressivo escafandro de carne depois da sacrificial descida vibratória?

PERGUNTA:- Poderíeis citar-nos mais alguns exemplos quanto à necessidade de Jesus reduzir propriamente o seu perispírito para alcançar a carne?

RAMATÍS:- Evidentemente, a leitura das obras citadas, no seu desdobramento dos fenômenos em questão, dar-vos-á melhores elucidações quanto a um estudo mais profundo. Mas atendendo a vossa pergunta, recomendamos sobre o assunto a leitura de todo o Capítulo XIII, inserido na obra mediúnica “Missionários da Luz”, no qual se estuda o mecanismo da reencarnação de uma entidade com algumas prerrogativas a seu favor. Citando pequenos tópicos desse livro, indicamos a pag. 205, alínea 8, onde os técnicos se dirigem ao espírito Segismundo, a entidade reencarnante, e assim lhe dizem: “Dê trabalho à sua imaginação criadora. Mentalize os primórdios da condição fetal, formando em sua mente o modelo adequado”. Além, na pág. 214, alínea 20, lereis: “Agora – continuou o instrutor – sintonize conosco relativamente à forma infantil. Mentalize sua volta ao refugio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem!” Ainda na mesma página, alínea 32, o autor elucida: “A operação não foi curta, sem simples. Identificava o esforço geral para que se efetuasse a redução necessária”. É evidente que ainda não estamos em condições de compreender o processo sideral da descida de Jesus, cujo tempo do calendário humano despendeu quase um milênio no esforço de auto-redução antes de atingir a Terra. Se uma encarnação tão simples, como relatam os espíritos credenciados no Espaço, pela obras que citamos, exige tais recursos e mobilizam assistência superior, imaginai a atividade angélica durante um milênio preparando e consolidando o advento do Messias à Terra! E a mesma obra ainda confirma essa assistência superior quando na pág. 217, alínea 13, assim diz: “Em todo o lugar desenvolve-se o auxílio da esfera superior, desde que se encontre em jogo o trabalho da Vontade de Deus. Entretanto, devemos considerar que, em tais circunstâncias, as atividades de auxílio são verdadeiramente sacrificiais. As vibrações contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio comprometem os nossos melhores esforços...” (Nota do Médium:- Ramatís apenas indicou-nos as páginas das obras citadas e as respectivas alíneas, que então copiamos para facilidade de uma transcrição mais direta. Para isso usamos as seguintes obras: “Voltei”, 1ª. Edição, do espírito de Irmão Jacó; “Libertação”, 2ª. Edição; “Missionários da Luz”, 4ª. Edição, e “Nosso Lar – 1ª. Edição, estas últimas ditadas pelo espírito de André Luiz.

PERGUNTA:- Ser-vos-ia possível também assinalar alguns conceitos mediúnicos de confiança espiritual, que nos expliquem a necessidade da higienização dos fluídos ambientais?

RESPOSTA:- Ainda recorrendo às obras psicografadas pro Francisco Xavier, citamos “Nosso Lar”, quando o seu autor espiritual diz, à pág. 199, alínea 1: “Todas as tarefas de assistência imediata funcionam perfeitamente, a despeito do ar asfixiante, saturado de vibrações destruidoras”. E na alínea 12: “Aos fluídos venenosos da metralha, casam-se as emanações pestilentas do ódio e tornam quase impossível qualquer auxílio”. Tratava-se de singela comissão de Espíritos em tarefa de socorro sobre os campos de batalha, na zona européia, classificada como verdadeiro inferno de indescritíveis proporções. Essa descrição de más vibrações apenas em zona do vosso globo, bem pode servir para avaliardes o efeito que a massa mental odiosa e corrosiva, da vossa humanidade, produziu na maravilhosa e delicada tessitura perispiritual de Jesus, na sua sintonia com os planos intermediários da carne.

Na obra “Libertação”. Pág. 53, alínea 36, o autor espiritual focaliza muito bem, em miniatura, um descenço sideral pelo qual se pode avaliar o que teria sofrido Jesus. Diz o autor: “Nossas organizações perispiríticas à maneira de escafandro estruturado em material absorvente, por ato deliberado de nossa vontade, não devem reagir contra as baixas vibrações deste plano. Estamos na posição de homens que, por amor, descessem a operar num imenso lago de lodo; para socorrer eficientemente os que se adaptaram a ele, são compelidos a cobrir-se com as substâncias do charco, sofrendo-lhes, com paciência e coragem, e influência deprimente”. Na alínea 18, pág. 54, da mesma obra, lê-se: “Chegou para nós o momento de pequeno testemunho. Muita capacidade de renuncia é indispensável, a fim de alcançarmos nossos fins”.

Achamos desnecessário assinalarmos outras obras para justificar a heróica descida de Jesus à Terra, quando já podeis ajuizar o imenso sacrifício que efetuam os espíritos benfeitores desencarnados, apenas para socorrer os seus companheiros infelizes atolados nos pântanos cruciantes dos abismos inferiores do Além. Jamais o homem poderá avaliar o prodigioso esforço de Jesus e o imenso trabalho da Técnica Sideral para ele alcançar a atmosfera opressiva do globo terráqueo e se fazer sentível entre os homens perturbados pelas paixões e pelos vícios insaciáveis. O seu perispírito delicadíssimo sofria tanto os bombardeios mentais dos terrícolas, como a violenta ofensiva dos espíritos das sombras, que tentavam impedir-lhe a encarnação terrena, pois o êxito da mesma decorria o enfraquecimento do comando satânico do mundo oculto sobre os homens. (No “Anuário Espírita de 1964”, pág. 38 de “Entrevistando André Luiz”, os diretores dessa revista fizeram a seguinte pergunta ao espírito em questão: “Reencarnações de espíritos de ordem superior, presididas por espíritos elevados, em meio inferior, estão sujeitas a represálias por parte de organizações espirituais interessadas na ignorância humana?” A resposta de André Luiz ajusta-se perfeitamente aos dizeres de Ramatís sobre o assédio dos espíritos das sombras na “descida” de Jesus, quando ele assim responde: “Natural que assim seja. Recordemos o próprio Jesus”).

Jesus viu-se obrigado a mobilizar as energias mais adversas e a recompor, com a matéria de cada plano denso em que se manifestava, o seu equipo espiritual, já abandonado pela sua ascensão espiritual feita através de outros mundos já extintos. Ele teve de adensar-se o mais possível até se fazer sentível entre os homens e poder situar-se no corpo carnal gerado por Maria.

PERGUNTA:- Qual o motivo, por que as tradições religiosas desconhecem ou encobrem a “descida” de Jesus da maneira como a explicais? Aliás, o Mestre só é conhecido a partir do seu nascimento e se finda no sacrifício do Calvário, onde situam o ponto máximo de sua dor e sofrimento. Os católicos, no entanto, crêem na sua ressurreição e ascensão ao céu em “corpo e alma”, mas não se referem à “descida”. Que dizeis?

RAMATÍS:- A Igreja Católica não admite o exercício e a divulgação da mediunidade, conforme o aceitam e cultivam o Espiritismo e outros movimentos espiritualistas; obviamente, ela também não pode recepcionar e entender as elucidações sobre a estóica descida de Jesus à carne. Apegada ainda ao “milagre”, crê na história absurda e ingênua de Jesus subir aos céus em “corpo e alma”, embora isso desminta a própria disciplina e a imutabilidade das leis siderais que regem as relações do espírito com a matéria. Como admitir-se Jesus subestimando o traje refulgente de sua alma angélica, para depois substituí-lo pela opacidade de um corpo físico no seu retorno ao reino celestial? Por que ele iria transportar para o Céu um organismo de carne, cuja alimentação e exigências fisiológicas dependeriam exclusivamente da Terra? Ou então buscar o ventre materno de Maria, para gerar-se, nascer, crescer e depois de adulto arrasar as leis comuns da vida humana, pela sua absurda ascensão ao Céu, em corpo e alma? Se ele pudesse efetuar tal milagre, então poderia ter-se materializado na Terra, já em figura de adulto, em vez de recorrer ao processo dificultoso da gestação humana!

Os crentes dessa ascensão instantânea, em que o Mestre Cristão eliminou todos os óbices e impedimentos sensatos criados pela estrutura do Cosmo, também não podem compreender nem admitir a sua descida vibratória sucedida num milênio do calendário terreno, pois se foi tão fácil a subida, deveria ser bem mais fácil a descida! E os religiosos dogmáticos, que ainda consideram Jesus como sendo o próprio Deus materializado na Terra, não vêem motivos para ele não poder triunfar sobre as próprias leis do Universo.

Assim como a criança, embevecida na contemplação da lâmpada elétrica, custa a compreender o mecanismo prosaico da Usina que lhe dá a luz, esses religiosos excessivamente místicos e ainda afeitos ao sobrenatural, também sofrem imensamente ao admitir a perspectiva de Jesus se enquadrar no mecanismo de uma técnica sidéria, para só então lhe permitir a manifestação na Terra.

PERGUNTA:- Em nossas indagações, temos observado que a tese da descida ou da auto-redução vibratória do Espírito de Jesus para alcançar a Terra, tanto é recusada pelos católicos, protestantes, como também por diversos espíritas. Estes crêem que o espírito sofre apenas enquanto se “limita” ou se “encaixa” no ventre materno, durante o período gestativo, para então reduzir o perispírito à forma fetal, e depois despertar e desenvolver-se na organização humana.

RAMATIS:- Antes de elucidar a vossa solicitação, recomendamos a leitura de mais um trecho da obra “Missionários da Luz”, cap. XIII, “Reencarnação”, quando o instrutor Alexandre assim insistia com o espírito de Segismundo, em processo de reencarnação: “Agora, continuou o instrutor, sintonize conosco relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino; imagine a sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a se homem”. Cumpre-nos salientar que não se tratava de espírito de alta linhagem espiritual, assim como ainda não se processava o fenômeno da gestação, mas apenas o preparo para a incubação uterina. Em conseqüência, poderemos imaginar quão dificultoso deveria ter sido o processo da encarnação de Jesus!

JESUS E SUA DESCIDA À TERRA

O SUBLIME PEREGRINO – 4ª. PARTE


PERGUNTA:- A fim de Jesus de Nazaré, elevado instrutor espiritual, conseguir baixar à Terra e encarnar entre nós, houve necessidade de providências excepcionais, ou tal acontecimento obedeceu somente às mesmas leis comuns que regulam a encarnação dos espíritos, em geral?

RAMATÍS:- O nascimento de “Avatares”, ou de altas entidades siderais no vosso orbe, como Jesus, exige a mobilização de providências incomuns por parte da técnica transcendental, cujas medidas ainda são ignoradas e incompreendidas pelos terrícolas. É um acontecimento previsto com muita antecedência pela Administração Sideral, pois do seu evento resulta uma radical transformação no seio espiritual da humanidade. Até à hora do espírito tão elevado vir a luz do mundo terreno, devem ser-lhe assegurados todos os recursos de defesa e assistência necessários para o êxito de sua “descida vibratória”.

(Vide obra de Ramatís, “Mensagens do Astral” cap. “Os engenheiros Siderais e o Plano da Criação”, que dá uma idéia aproximada da Administração Sideral. “Rezam as tradições do mundo espiritual que, na direção de todos os fenômenos do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias” – Trecho extraído da obra A CAMINHO DA LUZ).

Aliás, para cumprir a missão excepcional no prazo marcado pelo Comando Superior,o plano de sua encarnação também prevê o clima espiritual de favorecimento e divulgação de sua mensagem na esfera física. Deste modo, encarnaram-se com a devida antecedência espíritos amigos, fiéis cooperadores, que empreendem a propagação das idéias novas ou redentoras, recebidas do seu magnífico instrutor, em favor da humanidade sofredora.

Jesus foi um “Avatar”, ou seja, uma entidade da mais alta estirpe sideral já liberada da roda exaustiva das reencarnações educativas ou expiatórias. Em conseqüência a sua encarnação não obedeceu às mesmas leis próprias das encarnações comuns dos Espíritos primários e atraídos à carne devido aos recalques da predominância do instinto animal. Os espíritos demasiadamente apegados à matéria não encontram dificuldades para a sua reencarnação, pois em si mesmos já existe a força impetuosa do “desejo” impelindo-os para a carne.

No entanto, Jesus, o Sublime Peregrino, ao baixar à Terra em missão sacrificial e sem culpas cármicas a redimir, para facilitar o seu ligamento com a matéria, viu-se obrigado a mobilizar sua vontade num esforço de reviver ou despertar na sua consciência o desejo0 de retorno à vida física, já extinto em si há milênios e milênios. A fim de vencer a distância vibratória existente entre o seu fulgente reino angélico e o mundo terreno sombrio, ele empreendeu um esforço indescritível de “auto-redução”, tão potencial quanto ao que um raio de Sol teria de exercer em si mesmo para conseguir habitar um vaso de barro. Os espíritos inferiores são arrastados naturalmente pelos recalques dos “desejos” que os impele para a vida carnal, e assim ligam-se à matriz uterina da mulher, obedecendo apenas a um imperativo ou instinto próprio da sua condição ainda animalizada. (Segundo Buda, elevado Instrutor Espiritual da Ásia, “é no desejo que se encontra a causa de todo o mal, de toda a dor, da morte e do renascimento na carne. É o desejo, é a paixão que nos prende às formas materiais, e que desperta em nós mil necessidades sem cessar e nunca saciadas. O fim elevado da vida é arrancar a alma dos turbilhões do desejo.

Em tal circunstância, os técnicos siderais, limitam-se a vigiar o fenômeno genético da Natureza. Trata-se de encarnações que obedecem aos moldes primitivos das vidas inferiores, cujos espíritos compõem as “massas” inexpressivas da humanidade terrena. Mesmo depois de desencarnados, mal dão conta de sua situação, porque ainda vivem os desejos, as emoções e os impulsos da vida psíquica rudimentar. Sem dúvida, o Senhor não os esquece no seu programa evolutivo, orientando-os, também, pra a aquisição de consciência espiritual mais desenvolvida.

No caso de Jesus, tratava-se de uma entidade emancipada no seio do sistema solar, uma consciência de alta espiritualidade, que não podia reajustar-se facilmente à genética humana. Tendo se desvencilhado há muito tempo dos liames tecidos pelas energias dos planos intermediários entre si e a crosta terráquea, ele precisaria de longo prazo para, na sua descida, atravessar as faixa ou zonas descrescentes dos planos de que já se havia libertado. E então para alcançar a matéria na sua expressão mais rude, teve de submeter-se a um processo de abaixamento vibratório perispiritual, de modo a ajustar-se ao metabolismo biológico de um corpo carnal. Jesus não poderia ligar-se de súbito, à substância grosseira da carne, antes que a Ciência Divina lhe proporcionasse o ensejo favorável e as providências indispensáveis para uma graduação de ajuste à freqüência humana comum da Terra.

PERGUNTA:- Essas providências para a encarnação de Jesus foram previstas muito tempo antes de ele descer à Terra?

RAMATÍS:- Em verdade, a manifestação de Jesus no vosso orbe se efetuou de acordo com um plano minucioso delineado antecipadamente pela Engenharia Sideral, no qual foram previstas as principais etapas de suas decorrências de sua vida física, no tocante à arregimentação de seus apóstolos e outros discípulos. (Pergunta feita a André Luis por espíritas: “Todas as reencarnações, mesmo as dos indivíduos inferiores, são objeto de um planejamento detalhado, por parte dos administradores espirituais? Resposta:- Há renascimentos quase que automáticos, principalmente se a criatura ainda permanece fronteiriça à animalidade, entendendo-se que quanto mais importante o encargo do espírito a corporificar-se, junto da Humanidade, mais dilatado e complexo o planejamento da reencarnação”. Extraído da “Agenda Espírita 1964”, pergunta n. 25, do cap. “Reencarnação”, e artigo “Entrevistando André Luis”. Obra do “Instituto de Difusão Espírita Brasil”, Araras, SP).

Tudo foi estudado para se realizar no “tempo psicológico” exato e visando ao melhor aproveitamento espiritual da estada do Mestre junto à humanidade terrena. No entanto, malgrado a tarefa messiânica deliberada pelo Alto, Jesus teria de concretizá-la mediante sua própria capacidade, inteligência, renúncia e até pela sua resistência orgânica, a fim de não sucumbir antes do prazo prefixado. Ele não teria de submeter-se a um determinismo fatal, que o transformasse num simples autômato movido pelos ”cordéis” do mundo oculto; porém mobilizar todos os seus recursos espirituais de modo a cumprir o programa heróico que aceitara em sã consciência.

Apesar de lhe serem programadas as fases de maior importância na sua existência humana, isso foi apenas uma coordenação dos fatos de maior relevo quanto ao sustentáculo da obra evangélica, sem jamais anular o seu esforço próprio.

Em verdade, no tempo “psicológico exato”, não antes, nem depois do que fora marcado pela Direção Sidéria do orbe, Jesus, o Verbo de Deus, abriu os olhos à vida humana do planeta Terra; e, dali por diante, à medida que ele se desenvolvia no comando do corpo carnal, também aumentava, paralelamente, a sua responsabilidade espiritual. Felizmente, o mecanismo sideral funcionara a contento, embora os seus responsáveis tenham enfrentado problema graves, imprevistos, e perigosas ciladas dos espíritos satânicos. Graças ao esforço e devotamento incompreensíveis para os terrícolas, o Sublime Peregrino, descido das regiões mais excelsas, alcançou a face do orbe terráqueo no tempo previsto. Assumindo a posse do seu delicado instrumento carnal, ele iniciou a sua viagem messiânica pelo deserto da incompreensão humana, culminando em sacrificar sua própria vida para redimir os seus irmãos encarnados.

Desde a formação do planeta Terra, os sociólogos Siderais previram no esquema evolutivo do orbe, e no tempo exato, a “descida” de todos os instrutores espirituais, destinados a participar dos grandes eventos da sua humanidade. Mas no desenvolvimento desse plano educativo e redentor, eles marcaram a época da conjunção de Saturno, Júpiter e Marte, no signo de Pisces, para a cobertura vibratória da descida do maior de todos os avatares, como foi Jesus. Então o acasalamento no campo etérico dos três astros ofereceu na tela celeste um “tom vibratório” ou suavidade astralina, que predispunha os próprios homens à expectativa de “algo” sublime e esperançoso. O excelso esponsalício de Jesus com a Terra, nessa mesma época, e a efusão etérica, astralina e mental das humanidades mais avançadas desses planetas espargiam uma vibração espiritual de natureza pacífica, de terna emoção e misteriosa ansiedade sobre os homens.

Um lençol de fluídos puros e desconhecidos em sua doçura incomum pousava na face da Terra; uma estranha e sedativa aragem ondulava sobre a humanidade, despertando-lhe um sentimento expectante e serenando os instintos inferiores nas criaturas mais sensíveis. O fato de Jesus tornar-se mais tangível, emergindo em Espírito na Terra e ainda catalizando com o seu infinito Amor o delicado fluido cósmico que aflorava pela via interna do orbe, produzia uma vibração harmoniosa e incomum no coração dos homens. (Nota do Revisor:- Vide a obra “Boa Nova, ditada pelo espírito de Humberto de Campos ao médium Chico Xavier, na qual ele também assinala essa influência benfeitora sobre a Terra durante o advento de Jesus: “Como se o mundo pressentisse uma abençoada renovação de valores no tempo, em breve, todas aas legiões se entregavam, sem resistência, ao filho do soberano assassinado. O grande império do mundo, como que influenciado por um conjunto de forças estranhas, descansava numa onda de harmonias e de júbilo, depois de guerras seculares e tenebrosas”).

Em verdade, cumprira-se a profecia; o “Avatar”, o Messias, entrevisto tantas vezes pelos profetas do Velho Testamento, atingira a crosta material depois de um inconcebível esforço de auto- redução, despendido em alguns séculos, a fim de iniciar sua romaria sacrificial para a redenção dos terrícolas.

PERGUNTA:- Mas era necessário ocorrer a conjunção planetária de Saturno, Júpiter e Marte, para Jesus poder se encontrar na Terra?

RAMATÍS:- A mais eficiente organização dos homens ainda é um simples arremedo da mais singela disciplina determinada pela Administração Sideral dos orbes, sistemas solares e das galáxias do Cosmo. O “acaso” não existe nas obras criadas por Deus! O aforismo popular de que “não cai um fio de cabelo do homem, sem que Deus não saiba”, explica o fato de todos os fenômenos da Vida submeterem-se à disciplina de leis inteligentes na criação do Universo. Se a “queda de um fio de cabelo” não se faz por acaso, é impossível imaginarmos a complexidade, a extensão dos esquemas, detalhes e planos elaborados há bilhões e bilhões de anos, pelo Alto, a fim de prever e disciplinar a descida dos Instrutores Espirituais à Terra, no momento exato da necessidade de progresso e redenção dos encarnados. O encontro planetário entre Júpiter, Saturno e Marte, sob o signo de Pisces foi o cumprimento de uma etapa devidamente prevista pelos Mestres do atual “Grande Plano” em execução. E os estudiosos do tema astrológico poderão verificar que o ano de 748, da fundação de Roma, quase 9.000 anos após a civilização adâmica, marcou a mais exuberante conjunção de astros do vosso sistema solar na abóboda celeste, produzida realmente por esse poderoso grupo de planetas: Saturno, Júpiter e Marte.

Assim foi calculado o tempo exato em que se daria o esponsalício desse tri planetário, quando a Terra ficasse sob a influência do magnetismo suave do signo de Pisces, para então baixar um Messias e estabelecer um novo Código Espiritual de libertação dos terrícolas. E Jesus fora eleito para entregar pessoalmente o Evangelho e ensiná-lo aos homens, a fim de ajudá-los a resistir aos impulsos da animalidade e prepará-los para o “Fim dos Tempos” em que já viveis. Realmente, são decorridos 2.000 anos da crucificação de Jesus, e a humanidade terrena vive a época perigosa e tão bem definida por João Evangelista como a “Besta do Apocalipse”. (“A Besta Apocalíptica” representa, pois, a alma global e instintiva de todas as manifestações desregradas; ela age sorrateiramente nas criaturas negligentes e sempre lhes ajusta emoções que incentivam a insanidade, a corrupção e a imoralidade geral. Cap.IX, “A Besta Apocalíptica”, da obra de Ramatís, “Mensagens do Astral”).

PERGUNTA:- Como foi prevista a vinda de Jesus à Terra, há tantos milênios?

RAMATÍS:- A encarnação de Jesus, na Terra, foi prevista e fixada durante a elaboração do “Grande Plano” atualmente em transcurso no Universo. A Administração Sideral então cogitou de eleger um espírito da esfera dos “Amadores”, mais tarde conhecido como Jesus de Nazaré, a fim de cumprir a missão redentora sobre a face da Terra na época aprazada. Repetimos que não há surpresas nem confusões no funcionamento do mecanismo sideral do Cosmo; em conseqüência, foram perfeitamente previstas e determinadas todas as premissas, etapas e conclusões na vida messiânica do Mestre Jesus, o Redentor dos homens terrenos!

PERGUNTA:- Nesse caso, toda a atividade de Jsus, de sua família e dos seus apóstolos e discípulos, foram acontecimentos enquadrados rigidamente pela Administração Sideral no esquema de sua missão na Terra?

RAMATÍS:- A vida de Jesus não foi um automatismo, nem conseqüência de deliberação do Alto, impondo o Cristianismo de qualquer modo; mas os acontecimentos principais foram esquematizados dentro de um plano de sucesso espiritual, em que não fosse tolhida a vontade, o pensamento e o sentimento de todos os seus participantes encarnados ou desencarnados. Espíritos eleitos, escolhidos e convidados participaram desse programa messiânico de benefício coletivo, sob a égide do Messias, mas nenhum deles foi cerceado no seu livre arbítrio.

Os apóstolos, discípulos e seguidores de Jesus, ao servi-lo para o êxito de sua sublime missão, também buscaram sua própria renovação espiritual e imolaram-se para a florescência de um ideal superior, liquidando velhas contas cármicas assumidas no pretérito.O sangue cristão derramado para alimentar os fundamentos do Cristianismo, também lavou as vestes perispirituais dos seus próprios mártires. Pedro foi crucificado, Estevam lapidado, João foi torturado e Paulo degolado; tudo em favor da abençoada idéia de libertação espiritual, cujos destinos cármicos foram acertados sob a bússola de Jesus. Resplandecendo no holocausto messiânico da Era Cristã!

No entanto, Jesus, o aluno menos necessitado do banco escolar terreno, foi justamente o mais sacrificado, pois ele descera à matéria, esperançado de melhorar o padrão espiritual dos seus queridos pupilos!

PERGUNTA:- Qual a idéia que poderíamos fazer dessa previsão tão acertada da Administração Sideral, a ponto de antecipar com segurança os acontecimentos messiânicos de Jesus? Se não se tratava de um automatismo, como prever com exatidão todas aas atitudes e reações do Mestre até o sucesso final?

RAMATÍS:- Assim como podeis prever que geniais pintores ou músicos hão de produzir pintura e composições musicais incomuns, pois isso é próprio de sua natureza excepcional, obviamente, os Planejadores Siderais também podiam confiar no sucesso da missão de Jesus, em face do seu elevado padrão espiritual angélico, inacessível a qualquer deformação. No entanto, como o Messias e Instrutor da humanidade terrena, ele também precisaria de discípulos e cooperadores decididos, tal qual o compositor genial exige boa instrumentação para o êxito de suas peças musicais. Tratava-se, portanto, de um Espírito de elevada contextura sideral, e incapaz de se deixar atrair pelas ilusões ou tentações de um mundo material.

O alto não opunha qualquer dúvida a respeito da tarefa messiânica de Jesus, conhecendo-lhe o inesgotável Amor em favor dos homens e a capacidade de renúncia diante de qualquer sacrifício e da própria morte! Daí a escolha para a sua obra de tipos psicológicos que o cercaram durante sua romagem terrena, e no momento oportuno também deram-lhe os melhores testemunhos de fidelidades e abnegação em favor da mensagem sublime do Evangelho. Eram pescadores, campônios, publicanos, criaturas bastante rudes e até impossibilitadas de compreender o alcance de sua participação na obra de Jesus; mas abdicaram dos seus bens e da própria família a fim de sustentar-lhe a pregação messiânica.

Sem dúvida, os intelectuais da época jamais se arriscariam ao ridículo de admitirem ou divulgarem as noções tão singelas e utópicas do Cristianismo nascente, e que num ambiente fanático e de cobiças e ódios, pregava o amor, a bondade e a renúncia entre escravos e senhores, ricos e pobres, santos e prostitutas, cultos e analfabetos! Mas tudo isso foi possível, pois acima da rudeza de homens tão simples e pobres, como foram os apóstolos, prevaleceu-lhes a força extraordinária de uma fé incomum e a sinceridade pura, criando a seiva indestrutível para adubar a fazer crescer a árvore do Evangelho na gleba terrena!

A atividade de Jesus foi prevista com segurança e êxito no mundo físico e sem quaisquer preocupações antecipadas dos Mestres Siderais, porque o seu padrão angélico era garantia suficiente para profetizar a sua verdadeira conduta, no testemunho sacrificial da cruz!

PERGUNTA:- Por que motivo ainda não podemos compreender a verdadeira significação da paixão de Jesus?

RESPOSTA:- É um equivoco da tradição religiosa considerar que o supremo sacrifício de Jesus consistiu essencialmente na sua paixão e sofrimento, compreendidos entre a condenação de Pilatos e o holocausto da cruz! Se o verdadeiro sacrifício do Amado Mestre se tivesse resumido nos açoites, nas dores físicas e na sua crucificação injusta, então os leprosos, os cancerosos, os gangrenosos deveriam ser outros tantos missionários gloriosos e eleitos para a salvação da humanidade! Os hospitais gozariam da fama de templos e viveiros de “ungidos” de Deus, capazes de salvarem a humanidade dedicando a ela suas dores e gemidos lancinantes. Milhares de homens já tem sofrido tormentos mais atrozes do que as dores físicas suportadas por Jesus naquela terrível sexta-feira, mas nem por isso foram consagrados como salvadores da humanidade!

PERGUNTA:- Então, nesse caso, o maior sofrimento de Jesus consistiu na sua dor moral ante a ingratidão de nossa humanidade. Não é assim?

RAMATÍS:- Jesus, como sábio e psicólogo sideral, compreendia perfeitamente a natureza psíquica de vossa humanidade, pois os pecados dos homens eram frutos da sua imaturidade espiritual. Jamais ele sofreria pelos insultos e ápodos, ou pelas ingratidões e crueldades humanas, ao reconhecer nas criaturas terrenas mais ignorância e menos maldade! Porventura os professores se ofendem com as estultícias e travessuras dos pequenos que ainda freqüentam os jardins de infância, considerando injúrias ou crimes aquilo que ainda é próprio da irresponsabilidade infantil?

A piedade e o amor excelsos de Jesus faziam-no sofrer mais pelo descaso dos homens em promover a sua própria felicidade, do que mesmo pela ingratidão deles. O seu verdadeiro sacrifício e sofrimento, enfim, foram decorrentes da penosa e indescritível operação milenar durante o descenso espiritual vibratório, para ajustar o seu psiquismo angélico à freqüência material do homem terreno. A Lei exige a redução vibratória até para os espíritos menos credenciados no Espaço, cuja encarnação terrena, às vezes se apresenta dificultosa nesse auto-esforço de ligar-se à carne. Mas Jesus, embora espírito de uma freqüência sideral vibratória a longa distância da matéria, por amor ao homem, não hesitou em suportar terríveis pressões magnéticas dos planos inferiores que deveria atravessa gradualmente em direção à crosta terráquea.

Já pensastes no sofrimento de um condor abandonado a atmosfera pura dos Andes e baixando dos altos píncaros até oprimir-se, cá embaixo, pelo pó ou pelo lodo a enlamear-lhe as penas e o corpo? E depois de exausto pela agressividade exterior e tolhido na sua ansiedade de volição, ainda se deixa aprisionar numa estreita gaiola a lhe molestar os movimentos mais amplos? Jamais alguém efetuou empreendimento tão intenso e extraordinário para descer do Alto e amoldar-se à forma física, conforme fez Jesus, a fim de submeter-se às leis imutáveis do cientificismo cósmico, em vez de derrogá-las!

Ele desceu através de todos os planos inferiores, desde o mental, astralino e etérico, até poder manifestar-se com sucesso na contextura carnal e letárgica da figura humana. Abandonando os píncaros formosos do seu reino de glória, imergiu lentamente no oceano de fluidos impuros e agressivos, produzidos pelas paixões violentas dos homens da Terra e dos desencarnados do Além.

Embora se tratasse de um anjo do Senhor, a Lei Sideral obrigava-o a dobrar suas asas resplandecentes e percorrer solitariamente o longo caminho da “via interna”, até vibrar na face sombria do orbe terráqueo e entregar pessoalmente a sua Mensagem de Amor! O Sublime Peregrino descido dos céus lembra o mensageiro terreno, que após exaurir-se no tormento da caminhada de muitos quilômetros, deve entregar a “carta da libertação” a infelizes prisioneiros exilados de sua Pátria!

Assim, aos 33 anos de vida física de Jesus significam apenas o momento em que ele faz a entrega da mensagem espiritual do Evangelho, pois o processo espinhoso e aflitivo até imergi-lo nos fluidos terráqueos durou um milênio do calendário humano! Essa operação indescritível de sua descida sacrificial em direção à Terra é, na realidade, sua verdadeira “Paixão”, pois só os anjos, que o acompanhavam distanciando-se cada vez mais, por força da diferença vibratória, é que realmente podiam compreender a extensão do heroísmo e sofrimento de Jesus, quando deixou o seu mundo rutilante de luzes e prenhe de beleza, para então habitar um corpo de carne em benefício dos terrícolas!

Após ajustar o seu corpo mental e reativar o mecanismo complexo do cérebro perispiritual, em seguida, Jesus desatou o corpo astralino para vibrar ao nível das emoções humanas. Atingido o limiar do mundo invisível e do material, então fez o seu estágio final, incorporando-se no Éter Físico ectoplásmico, para compor o “duplo etérico” e os centros de forças conhecidos por “chacras”, que deveriam se desenvolver e estruturar-se durante a gestação carnal. Em seguida, integrou-se definitivamente na atmosfera do mundo físico, corporificando-se, mais tarde, no mais encantador menino que a Terra já havia conhecido! (Vide as seguintes obras que abordam assunto semelhante: “Os Chacras”, “O Plano Astral” e “O Plano Mental”, de Laedbeater; “O Duplo Etérico”, de Powell, obras editadas pela Editora Teosófica Adyar S.A. e Editora Pensamento, e “Elucidações do Além”, de Ramatís, editada pela Livraria Freitas Bastos S.A.).-

CONSIDERAÇÕES S/ A DIVINDADE E EXISTÊNCIA DE JESUS - continuação

TERCEIRA PARTE


PERGUNTA:- Que dizeis de certos autores, alguns sinceros e outros apenas talentosos, quando asseguram que Jesus foi apenas um “mito” e jamais existiu fisicamente no seio da humanidade terrena?

RESPOSTA:- É indiscutível que Jesus não só comprovou as predições do Velho Testamento, como ainda correspondeu completamente às esperanças do Alto na sua missão espiritual junto aos terrícolas. Os profetas tentaram comunicar aos judeus as premissas principais da identificação do Messias, assim como o tempo de sua vinda ao orbe, pois asseguraram que Israel seria o povo eleito para tal evento tão importante. Conforme as predições de Isaías (Cap. II, vers. 6 e 8), depois do advento do Salvador, todas aas coisas se ajustariam, pois até o “cordeiro se deitaria com o lobo, o leão comeria a palha junto ao boi e um pequeno menino conduziria as feras”. E as profecias ainda advertiam a raça de Israel, eleita para o advento do Messias, quanto à sua queixa, mais tarde, ao exclamar que “o povo para o qual viera, não o conhecera”. Corroborando tal predição, os judeus de hoje ainda adoram Moisés, profeta irascível, vingativo e até cruel; e olvidaram Jesus, pleno de amor, bondade e renúncia, porque realmente, “ainda não reconheceram o seu verdadeiro Messias”!

Efetivamente, causa estranheza o fato de certos autores ainda considerem Jesus um mito ou embuste religioso, e lhe negarem a vida física e coerente na Terra. Em verdade, Jesus é justamente o ser cada vez mais vivo entre os homens; pois a sua doutrina, crescendo em todos os sentidos, já influência até os povos afeiçoados aos credos de outros instrutores. Se o fulgor de Roma de Augusto ofuscou os historiadores da época, fazendo-os ignorar a figura de Jesus, isso não o elimina da face da Terra, nem o desfiguram as lendas semelhantes já atribuídas a Adonis, Crisna, Buda, Orfeu, Átis, Osiris, Dionísio ou Mitra. Apesar das inequívocas referências históricas sobre Anibal, Júlio Cesar, Carlos Magno ou Napoleão;ou mesmo sobre filósofos excepcionais, como Sócrates, Platão, Epicuro, Aristóteles, Spinoza ou Marco Aurélio, eis que Jesus, o “mito”, sobrepuja, em celebridade, a todos esses homens famosos!

Por que Jesus, o “mito”, supera a realidade e vive cada vez mais positivo e imprescindível no coração da humanidade terrena, enquanto famosos personagens “históricos” arrefecem no seu prestígio através dos tempos? Em verdade, os homens já experimentaram todas as filosofias, reformas religiosas e todos os códigos morais e sociais, e, no entanto, não lograram uma solução definitiva para os seus problemas angustiosos. A humanidade terrena do século XX, cada vez mais neurótica e desesperada, pressente a sua derrocada inevitável, ante o requinte e a fúria dos mesmos conflitos odiosos e guerras fratricidas do passado! Os homens da caverna não evoluíram nem se humanizaram; apenas trocaram o tacape pelo revólver de madrepérola, ou o porrete pela metralhadora eletrônica! Matava-se a pedras e paus, um de cada vez; hoje, mata-se uma civilização derretendo-a sob o impacto da bomba atômica! Paradoxalmente, não é a cultura e a experiência real transmitidas pela História o fundamento convincente para solucionar os problemas humanos tão aflitivos na atualidade. As criaturas estão tomadas pela desconfiança; duvidam da ciência que lhes dá o conforto material, mas não lhes ameniza a angústia do coração; descrêem de todas inovações sociais e educativas, que planejam um futuro brilhante mas não proporcionam a paz de espírito!

No entanto, Jesus, o “mito” esquecido pela história profana, ainda é o único medicamento salvador do homem moral e psiquicamente enfermo do século atual! Só o seu amor e o seu Evangelho poderão amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa! Se Jesus fosse fruto da fantasia religiosa, então teríamos de concordar com a inversão de todos os valores do conhecimento humano, a ponto de não distinguirmos o fantasioso do real! Que força poderosa alimentou a vivência desse Mestre Cristão “imaginário”, fazendo-nos reconhecer-lhe um porte moral e espiritual do mais alto quilate humano? Qualquer homem pode negar a existência de Jesus; porém, jamais há de oferecer ao mundo conturbado e corrupto uma solução mais certa e mais eficaz do que o seu Evangelho!

PERGUNTA:- Existe alguma fonte histórica que anotou a figura de Jesus?

RAMATIS:- Alguns estudiosos confiaram na referência feita por Josefo, na sua obra “Antiguidade dos Judeus”, 93 anos depois de Cristo, aceitando como relato histórico da autenticidade do Mestre Galileu a seguinte passagem: “Nesse tempo viveu Jesus, um homem santo, se homem pode ser chamado, porque fez coisas admiráveis, que ensinou aos homens; e inspirado recebeu a Verdade. Era seguido por muitos judeus e muitos gregos. Foi o Messias”.

Mas, a nosso ver, as provas mais autênticas da vida de Jesus são as referências à perseguição aos “cristãos”, isto é, os seguidores de Cristo! Havendo cristãos martirizados por se recusarem a abandonar a doutrina do seu líder Jesus, cujos fatos foram registrados pela História, concluiu-se que o Mestre Jesus não foi um mito, mas uma figura real, malgrado a ausência de apontamentos históricos. Quanto à existência dos cristãos e do seu martírio, basta consultar-se as obras e anotações de Plínio, o oco, Suetônio, Tácito e outros da mesma época.

Também se pode considerar um relato autêntico a carta envida a Tibério, pelo senador Públio Lentulo, quando presidente da Judéia, narrando a existência de “um homem de grandes virtudes chamado Jesus, pelo povo inculcado de profeta da verdade e pelos seus discípulos de filho de Deus. É um homem de justa estatura, muito belo no aspecto; e há tanta majestade no seu rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou a temê-lo. Tem os cabelos cor de amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas até aas espáduas; são da cor da terra, porém, reluzentes. Ao meio da sua fronte, uma linha separando, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de aspecto muito sereno; nenhuma ruga ou macha se vê em sua face; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa e separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, resplandecendo no seu rosto como os raios do sol; porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois se resplende, subjuga; e quando ameniza, comove até às lágrimas! Faz-se amar e é alegre; porém, com gravidade. Nunca alguém o viu rir, mas antes, chorar”. (O retrato de Jesus feito por Públio Lentulo foi publicado pela “Revista Internacional do Espiritismo” e também se encontra na introdução da obra “A vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo”).

PERGUNTA:- Sob a vossa opinião, quais são as fontes não históricas, mas autênticas, para informarem sobre a existência de Jesus?

RAMATÍS:- Sem dúvida, a fonte mais autêntica não histórica é a narrativa dos quatro evangelistas, apesar das interpolações e dos retoques que sofreu, inclusive também quanto a algumas contradições existentes entre os próprios narradores. Mas a fonte idônea, porque manteve a unidade psicológica e os propósitos messiânicos do espírito de Jesus. Entre os quatro evangelistas, dois deles foram testemunhas oculares dos acontecimentos ali narrados; e, por isso, mostram-se vivos e naturais nos seus relatos; os outros dois interrogavam minuciosamente as testemunhas que presenciaram as atividades de Jesus ou delas participaram na época. Superando aas interpolações perceptíveis a uma análise percuciente os quatro evangelistas se mostram imparciais singelos e seguros, pois eles narram os fatos diretamente, sem muitas divagações.

Há nos seus relatos um grande espírito de honestidade e de certeza absoluta naquilo que foi a vida de Jesus. Certamente existem algumas diferenças quanto à movimentação da pessoa do Mestre nos escritos dos quatro evangelistas, mas não há dúvida alguma no tocante à sua existência real. Outras provas de evidência são as cartas ou epístolas atribuídas a Paulo, as quais possuem a força comunicativa das suas atividades cristãs e transmitem o odor refrescante da “Boa Nova” e do “Reino de Deus” apregoados por Jesus! (Vide Epístolas aos Romanos, V e vers. 9: Corintios, I e vers. 23, XIV, vers. 3. Galatas, II e vers. 21: Efésios, II e vers. 20 e 21; Timóteo, II, vers. 8).

Evidentemente os historiadores não se preocupam em focalizar a pessoa de Jesus, por achá-la de pouca importância na época, pois se tratava de um simples carpinteiro, arvorado em rabino, e a pregar estranha moral num mundo conturbado pelas mais violentas paixões e vícios! A história jamais poderia prever no seio da comunidade de tantos rabis insignificantes da Palestina, que um deles se tornaria o líder de milhões de criaturas nos séculos vindouros, pregando somente o amor aos inimigos e a renúncia aos bens do mundo, em troca de um hipotético “reino celestial”.

Além disso, Jesus era filho da Galiléia, uma terra de homens ignorantes e rudes, coletividade de gentios, indignos de figurarem na história. No entanto, malgrado essas deficiências, Jesus projetou-se além dos séculos testemunhado pelos homens que o conheceram e pelos discípulos integrados em sua vida messiânica. Ninguém duvida da existência de Pedro e Paulo de Tarso; nem dos encontros do próprio Paulo com Pedro, Tiago e João. As próprias divergências e ciúmes existentes nas relações desses apóstolos, competindo para se mostrarem mais dignos do Mestre Jesus, já desencarnado, chegaram até vosso século sem perder a sua autenticidade! Paulo refere-se à última ceia e à crucificação de Jesus, como se tivesse realmente participado de tais acontecimentos tão dramáticos para a humanidade. (Vide Coríntios XI, vers. 23 e 6; XV, vers. 3 e Galatas, II, vers. 20).

Enfim, asa contradições encontradas entre os próprios evangelistas são apenas de minúcias, pois não modificam a substância das narrativas, e ali Jesus permanece de um modo fiel e coerente. É inadmissível que no curto espaço de uma geração, homens ignorantes, rudes e iletrados, pudessem inventar uma personalidades tão viva e inconfundível em sua contextura moral, como foi Jesus! Em verdade, a força do Amor e o espírito de confraternização manifestos na sua mensagem influíram sobre milhares de criaturas até os nossos dias, impondo a existência lógica e indiscutível de Jesus, ou então outro homem deve substituí-lo! Afaste-se Jesus da autoria do Evangelho, por que ele não figura na história profana de modo convincente, e a humanidade terá de criar outro “mito”, ou outro homem, para então justificar esse “Código Moral” de profunda beleza espiritual!

De todos os acontecimentos narrados pela própria História, Jesus ainda é a figura mais fascinante e convincente para nos condicionar a uma vida espiritualmente elevada. Jamais houve qualquer lenda ou narrativa a consumir tantas páginas em milhares de obras, capaz de atrair tanto interesse e admiração \á consciência do homem terreno.

Indubitavelmente, quanto mais os ateus e outros negadores se empenham em “extinguir” ou apagar a figura de Jesus, mais ele se impõe acima de todas as dúvidas, sobrepuja a própria história e mais vibra no coração dos crentes. Por conseguinte, é vã e tola qualquer pretensão de negar a sua existência, pois a despeito de todas as negativas, ele sempre ressurge irradiando luz e amor, na tela viva da consciência humana!

PERGUNTA:- Outros escritores expõem dados históricos e descrevem Jesus como um “sedicioso” incurso nas leis penas da época, cuja doutrina sob sua chefia fracassou ante os poderes judeus e romanos constituídos em Jerusalém. Que dizeis?

RAMATÍS:- Basta o conteúdo do Evangelho vivido e ensinado por Jesus, para desmentir qualquer afirmativa quanto a ele ter sido deliberadamente um rebelde ou sedicioso! Jamais o Mestre Cristão desejou alguma coisa do mundo material, cuja vida terrena foi centralizada exclusivamente em torno dos bens imperecíveis do espírito eterno. Ele viveu trinta e três anos na face da Terra sem ater-se a quaisquer interesses mundanos; e ninguém poderá inculpá-lo de um só fato ou empreendimento egoísta, que lhe tenha dado relevo pessoal no ambiente político ou sacerdotal do mundo. Nasceu e desencarnou extremamente pobre, encerrando seus dias heróicos sem valer-se dos favores ou conluios com os poderosos da época.

O homem sedicioso é sempre um rebelde, um inconformado, pois é criatura ávida do poder temporal e da exaltação sobre os seus conterrâneos. Os grandes sediciosos ou indisciplinados que a História nem sempre registra com carinho e gratidão, chamaram-se Davi, Átila, Gengis-Kan, Asoka, Alexandre, Aníbal, Tito, Júlio Cesar, Carlos Magno, Ivã, o Terrível, Napoleão, Kaiser, Stalin, Hitler, Mussoline e outros, os quais juntamente com certas qualidades excepcionais, como a obstinação, capacidade de comando, arrojo, ambição e estratégia, manifestaram também os pecados do orgulho, da crueldade, pilhagem, vingança ou libidinosidade!

Sem, dúvida, alguns desses homens foram gênios ou heróis; outros, apenas loucos ou paranóicos. Não contestamos que tenham infuído ou modificado os destinos dos povos no transcorrer de uma época, pois a Suprema Lei faz surgir o bem dos destroços do próprio mal, aproveitando a impetuosidade, paixão selvagem, cobiça, ambição e o arrojo dos sediciosos, para efetuar as grandes transformações históricas e sociais no mundo. Escravos dos desejos de glórias ou de riquezas, muitas vezes eles abriram as comportas da dor e do sofrimento para os seus próprios comparsas das vidas passadas, agindo como os carrascos implacáveis nas provas de resgate cármico do pretérito. Examinando as tropelias sangrentas narradas no Velho Testamento, podemos certificar-nos do imenso número de soldados, comparsas e aventureiros judeus, que naquela época praticaram as mais bárbaras atrocidades. No entanto, sob o gládio da Justiça Divina, eis que eles retornaram à carne travestidos ainda na figura de judeus, porém humilhados e vítimas dos nazistas nos famigerados campos de concentração e em mortes cruéis, para resgatar débitos clamorosos do pretérito! (Nota do Médium:- Segundo certo comunicado mediúnico por entidade de reconhecido critério espiritual, Hitler, no passado, foi o re David e comandou inúmeras vezes as hecatombes sangrentas registradas amiúde, na Bíblia. Mas de acordo com a lei de “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, o seu espírito retornou à Terra, na Alemanha, e, sob a injunção do Carma, abriu as comportas do sofrimento redentor para os seus próprios comparsas e soldados que comandou outrora e lhe cumpriram fielmente as ordens bárbaras. Assim, os mesmos judeus que ele trucidou neste século, nos campos de concentração, já tinham vivido com ele e eram os mesmos soldados e comparsas impiedosos, afeitos aos massacres dos povos vencidos. Como exemplo a esmo, das barbaridades cometidas pelo rei Davi e seus exércitos, no passado, eis o que se encontra em “Reis, Livro 2º., cap. XII, vers. 31” e transcrevemos: “E trazendo os seus moradores, os mandou serrar; e que passassem por cima deles carroças ferradas; e que os fizessem em pedaços com cutelos; e os botassem em fornos de cozer tijolos; assim o fez com todas as cidades dos amonitas; e voltou Davi com todo o seu exército para Jerusalém”).

Mas a Lei aproveita esses homens atrabiliários e cruéis e os mobiliza como matéria prima para trazer o Bem pelo Mal, pois eles aproximam povos, fundem fronteiras, derrubam tiranias, extinguem feudos seculares, sacodem o pó das velhas dinastias, abrem clareira para novas relações humanas, proporcionando o ambiente eletivo para novos ensaios políticos e sociais de vida entre os sobreviventes. Durante a revolução francesa cometeram-se as mais bárbaras atrocidades e injustiças sob o slogan esperançoso de “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”. A pilhagem foi organizada e oficializada pelos poderes dominantes; dela não se beneficiaram apenas os pobres e os injustiçados, mas também os oportunistas,os delinqüentes e os facínoras, espécie de corvos adejando sobre a carniça! Mas paradoxalmente, desse movimento sangrento e sarcasticamente amparado pelos próprios conceitos da moral superior, nasceram os princípios que depois consolidariam uma jurisprudência mais digna e a soberania popular pela doutrina da democracia!

Quantas vezes surgem da ralé, indivíduos inexpressivos, que se projetam no furor dos empreendimentos e das tropelias sangrentas, ávidos de gloríolas mundanas e festejados pelas multidões tolas, dominados pelo cabotinismo e pela paranóia perigosa? Servis, incultos, temerosos, enfermiços, frustrados, miseráveis e impotentes, depois se tornam monstros, bárbaros, impiedosos, cínicos, irascíveis, brutos e orgulhosos, quando são guindados ao pode absoluto, passando a desforrar-se dos mínimos vexames e ressentimentos que acumularam durante os seus dias inexpressivos e desfavoráveis. (Nota do Revisor:- É ainda o caso de Hitler, que , em sua juventude, foi indivíduo enfermiço, ignorante, taciturno e pobre, mal sucedido com os amigos e sustentando-se mediante trabalhos rudes e humildes, tais como limpar ruas, carregar bagagens, servir de pedreiro, puxar terras ou remover neve, conseguindo, a muito custo, a divisa de cabo na cozinha do exército alemão. No entanto quando assumiu o poder na Alemanha, então, ele vingou-se furiosamente de todas as mágoas e ressentimentos que sofrera na juventude, por parte da sociedade, dos militares e dos judeus especuladores. Dominado pela megalomania de profunda exaltação de um misticismo egocêntrico e mórbido, que o fazia supor-se um predestinado para dominar e dirigir o mundo, extravasou o seu furor paranóico e atrabiliário, a sua perversidade e vingança. Causando a catástrofe guerreira de 1939, onde foram organizados os diabólicos campos de concentração e as câmaras de gases para extinguir e assassinar os judeus).

No entanto, Jesus sempre foi criatura pacífica, de atitudes claras e honestas, esclarecendo que o seu “reino não era deste mundo”, e cuja conduta não dúbia, nem capciosa, jamais se assemelhando a qualquer sedicioso do mundo. Nunca praticou em sua vida qualquer ato de rebeldia, desforra ou crueldade que pudesse nivelá-lo à conduta dos homens despóticos e belicosos! O seu bom senso sempre aconselhava aos homens “dar a César o que é de César; e a Deus o que é de Deus”; a sua autoridade espiritual merece o culto de todas as escolas espiritualistas do mundo, que lhe cultuam a memória na conta de um elevado Mestre! Os esoteristas, teosofistas, rosa-cruzes e iogas reconhecem Jesus como entidade já liberada do jugo do Carma, um “Avatar” ou Instrutor Espiritual de alta estirpe; enfim, um “eleito” de elevada categoria sideral e de amplitude cósmica. Ele foi um eleito que trouxe à Terra o Bem pelo Bem, e não apenas um “escolhido” que pode semear o Bem pelo Mal. (Vide a obra “Do Pais da Luz”, cap. , 1º. Vol., psicografia de Fernando de Lacerda, na qual o espírito de Napoleão diz o seguinte:- “O eleito é sempre escolhido; mas o escolhido não é eleito. O eleito foi escolhido por Deus para fazer o Bem pelo Bem; o escolhido pode ser para fazer o Bem pelo Mal. O eleito foi Jesus. Eu fui escolhido”.

Nesta comunicação, Napoleão compara sua existência turbulenta e ambiciosa com a missão terna e pacífica de Jesus).

PERGUNTA:- Se Jesus não era um sedicioso, como pôde ser enquadrado sob asa leis romanas, em cuja época se puniam os rebeldes e os criminosos pela crucificação?

RAMATÍS:- O sacerdócio judaico conseguiu arquitetar provas materiais e testemunhos contra Jesus, entre os próprios seguidores e a turba que o aplaudira à sua entrada em Jerusalém, conseguindo incriminá-lo como “sedicioso” junto a Pôncio Pilatos, Procurador de Roma na Judéia.

Prenderam-no à conta de um malfeitor comum, malgrado ele só ter lutado com as armas da ternura, bondade e amor! Mas os verdadeiros motivos da sua crucificação, cujo holocausto o Mestre Jesus aceitou sem qualquer protesto, exigem um capítulo especial a ser compilado nesta obra.