terça-feira, 29 de dezembro de 2009

JESUS E SUA DESCIDA À TERRA

O SUBLIME PEREGRINO – 4ª. PARTE


PERGUNTA:- A fim de Jesus de Nazaré, elevado instrutor espiritual, conseguir baixar à Terra e encarnar entre nós, houve necessidade de providências excepcionais, ou tal acontecimento obedeceu somente às mesmas leis comuns que regulam a encarnação dos espíritos, em geral?

RAMATÍS:- O nascimento de “Avatares”, ou de altas entidades siderais no vosso orbe, como Jesus, exige a mobilização de providências incomuns por parte da técnica transcendental, cujas medidas ainda são ignoradas e incompreendidas pelos terrícolas. É um acontecimento previsto com muita antecedência pela Administração Sideral, pois do seu evento resulta uma radical transformação no seio espiritual da humanidade. Até à hora do espírito tão elevado vir a luz do mundo terreno, devem ser-lhe assegurados todos os recursos de defesa e assistência necessários para o êxito de sua “descida vibratória”.

(Vide obra de Ramatís, “Mensagens do Astral” cap. “Os engenheiros Siderais e o Plano da Criação”, que dá uma idéia aproximada da Administração Sideral. “Rezam as tradições do mundo espiritual que, na direção de todos os fenômenos do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias” – Trecho extraído da obra A CAMINHO DA LUZ).

Aliás, para cumprir a missão excepcional no prazo marcado pelo Comando Superior,o plano de sua encarnação também prevê o clima espiritual de favorecimento e divulgação de sua mensagem na esfera física. Deste modo, encarnaram-se com a devida antecedência espíritos amigos, fiéis cooperadores, que empreendem a propagação das idéias novas ou redentoras, recebidas do seu magnífico instrutor, em favor da humanidade sofredora.

Jesus foi um “Avatar”, ou seja, uma entidade da mais alta estirpe sideral já liberada da roda exaustiva das reencarnações educativas ou expiatórias. Em conseqüência a sua encarnação não obedeceu às mesmas leis próprias das encarnações comuns dos Espíritos primários e atraídos à carne devido aos recalques da predominância do instinto animal. Os espíritos demasiadamente apegados à matéria não encontram dificuldades para a sua reencarnação, pois em si mesmos já existe a força impetuosa do “desejo” impelindo-os para a carne.

No entanto, Jesus, o Sublime Peregrino, ao baixar à Terra em missão sacrificial e sem culpas cármicas a redimir, para facilitar o seu ligamento com a matéria, viu-se obrigado a mobilizar sua vontade num esforço de reviver ou despertar na sua consciência o desejo0 de retorno à vida física, já extinto em si há milênios e milênios. A fim de vencer a distância vibratória existente entre o seu fulgente reino angélico e o mundo terreno sombrio, ele empreendeu um esforço indescritível de “auto-redução”, tão potencial quanto ao que um raio de Sol teria de exercer em si mesmo para conseguir habitar um vaso de barro. Os espíritos inferiores são arrastados naturalmente pelos recalques dos “desejos” que os impele para a vida carnal, e assim ligam-se à matriz uterina da mulher, obedecendo apenas a um imperativo ou instinto próprio da sua condição ainda animalizada. (Segundo Buda, elevado Instrutor Espiritual da Ásia, “é no desejo que se encontra a causa de todo o mal, de toda a dor, da morte e do renascimento na carne. É o desejo, é a paixão que nos prende às formas materiais, e que desperta em nós mil necessidades sem cessar e nunca saciadas. O fim elevado da vida é arrancar a alma dos turbilhões do desejo.

Em tal circunstância, os técnicos siderais, limitam-se a vigiar o fenômeno genético da Natureza. Trata-se de encarnações que obedecem aos moldes primitivos das vidas inferiores, cujos espíritos compõem as “massas” inexpressivas da humanidade terrena. Mesmo depois de desencarnados, mal dão conta de sua situação, porque ainda vivem os desejos, as emoções e os impulsos da vida psíquica rudimentar. Sem dúvida, o Senhor não os esquece no seu programa evolutivo, orientando-os, também, pra a aquisição de consciência espiritual mais desenvolvida.

No caso de Jesus, tratava-se de uma entidade emancipada no seio do sistema solar, uma consciência de alta espiritualidade, que não podia reajustar-se facilmente à genética humana. Tendo se desvencilhado há muito tempo dos liames tecidos pelas energias dos planos intermediários entre si e a crosta terráquea, ele precisaria de longo prazo para, na sua descida, atravessar as faixa ou zonas descrescentes dos planos de que já se havia libertado. E então para alcançar a matéria na sua expressão mais rude, teve de submeter-se a um processo de abaixamento vibratório perispiritual, de modo a ajustar-se ao metabolismo biológico de um corpo carnal. Jesus não poderia ligar-se de súbito, à substância grosseira da carne, antes que a Ciência Divina lhe proporcionasse o ensejo favorável e as providências indispensáveis para uma graduação de ajuste à freqüência humana comum da Terra.

PERGUNTA:- Essas providências para a encarnação de Jesus foram previstas muito tempo antes de ele descer à Terra?

RAMATÍS:- Em verdade, a manifestação de Jesus no vosso orbe se efetuou de acordo com um plano minucioso delineado antecipadamente pela Engenharia Sideral, no qual foram previstas as principais etapas de suas decorrências de sua vida física, no tocante à arregimentação de seus apóstolos e outros discípulos. (Pergunta feita a André Luis por espíritas: “Todas as reencarnações, mesmo as dos indivíduos inferiores, são objeto de um planejamento detalhado, por parte dos administradores espirituais? Resposta:- Há renascimentos quase que automáticos, principalmente se a criatura ainda permanece fronteiriça à animalidade, entendendo-se que quanto mais importante o encargo do espírito a corporificar-se, junto da Humanidade, mais dilatado e complexo o planejamento da reencarnação”. Extraído da “Agenda Espírita 1964”, pergunta n. 25, do cap. “Reencarnação”, e artigo “Entrevistando André Luis”. Obra do “Instituto de Difusão Espírita Brasil”, Araras, SP).

Tudo foi estudado para se realizar no “tempo psicológico” exato e visando ao melhor aproveitamento espiritual da estada do Mestre junto à humanidade terrena. No entanto, malgrado a tarefa messiânica deliberada pelo Alto, Jesus teria de concretizá-la mediante sua própria capacidade, inteligência, renúncia e até pela sua resistência orgânica, a fim de não sucumbir antes do prazo prefixado. Ele não teria de submeter-se a um determinismo fatal, que o transformasse num simples autômato movido pelos ”cordéis” do mundo oculto; porém mobilizar todos os seus recursos espirituais de modo a cumprir o programa heróico que aceitara em sã consciência.

Apesar de lhe serem programadas as fases de maior importância na sua existência humana, isso foi apenas uma coordenação dos fatos de maior relevo quanto ao sustentáculo da obra evangélica, sem jamais anular o seu esforço próprio.

Em verdade, no tempo “psicológico exato”, não antes, nem depois do que fora marcado pela Direção Sidéria do orbe, Jesus, o Verbo de Deus, abriu os olhos à vida humana do planeta Terra; e, dali por diante, à medida que ele se desenvolvia no comando do corpo carnal, também aumentava, paralelamente, a sua responsabilidade espiritual. Felizmente, o mecanismo sideral funcionara a contento, embora os seus responsáveis tenham enfrentado problema graves, imprevistos, e perigosas ciladas dos espíritos satânicos. Graças ao esforço e devotamento incompreensíveis para os terrícolas, o Sublime Peregrino, descido das regiões mais excelsas, alcançou a face do orbe terráqueo no tempo previsto. Assumindo a posse do seu delicado instrumento carnal, ele iniciou a sua viagem messiânica pelo deserto da incompreensão humana, culminando em sacrificar sua própria vida para redimir os seus irmãos encarnados.

Desde a formação do planeta Terra, os sociólogos Siderais previram no esquema evolutivo do orbe, e no tempo exato, a “descida” de todos os instrutores espirituais, destinados a participar dos grandes eventos da sua humanidade. Mas no desenvolvimento desse plano educativo e redentor, eles marcaram a época da conjunção de Saturno, Júpiter e Marte, no signo de Pisces, para a cobertura vibratória da descida do maior de todos os avatares, como foi Jesus. Então o acasalamento no campo etérico dos três astros ofereceu na tela celeste um “tom vibratório” ou suavidade astralina, que predispunha os próprios homens à expectativa de “algo” sublime e esperançoso. O excelso esponsalício de Jesus com a Terra, nessa mesma época, e a efusão etérica, astralina e mental das humanidades mais avançadas desses planetas espargiam uma vibração espiritual de natureza pacífica, de terna emoção e misteriosa ansiedade sobre os homens.

Um lençol de fluídos puros e desconhecidos em sua doçura incomum pousava na face da Terra; uma estranha e sedativa aragem ondulava sobre a humanidade, despertando-lhe um sentimento expectante e serenando os instintos inferiores nas criaturas mais sensíveis. O fato de Jesus tornar-se mais tangível, emergindo em Espírito na Terra e ainda catalizando com o seu infinito Amor o delicado fluido cósmico que aflorava pela via interna do orbe, produzia uma vibração harmoniosa e incomum no coração dos homens. (Nota do Revisor:- Vide a obra “Boa Nova, ditada pelo espírito de Humberto de Campos ao médium Chico Xavier, na qual ele também assinala essa influência benfeitora sobre a Terra durante o advento de Jesus: “Como se o mundo pressentisse uma abençoada renovação de valores no tempo, em breve, todas aas legiões se entregavam, sem resistência, ao filho do soberano assassinado. O grande império do mundo, como que influenciado por um conjunto de forças estranhas, descansava numa onda de harmonias e de júbilo, depois de guerras seculares e tenebrosas”).

Em verdade, cumprira-se a profecia; o “Avatar”, o Messias, entrevisto tantas vezes pelos profetas do Velho Testamento, atingira a crosta material depois de um inconcebível esforço de auto- redução, despendido em alguns séculos, a fim de iniciar sua romaria sacrificial para a redenção dos terrícolas.

PERGUNTA:- Mas era necessário ocorrer a conjunção planetária de Saturno, Júpiter e Marte, para Jesus poder se encontrar na Terra?

RAMATÍS:- A mais eficiente organização dos homens ainda é um simples arremedo da mais singela disciplina determinada pela Administração Sideral dos orbes, sistemas solares e das galáxias do Cosmo. O “acaso” não existe nas obras criadas por Deus! O aforismo popular de que “não cai um fio de cabelo do homem, sem que Deus não saiba”, explica o fato de todos os fenômenos da Vida submeterem-se à disciplina de leis inteligentes na criação do Universo. Se a “queda de um fio de cabelo” não se faz por acaso, é impossível imaginarmos a complexidade, a extensão dos esquemas, detalhes e planos elaborados há bilhões e bilhões de anos, pelo Alto, a fim de prever e disciplinar a descida dos Instrutores Espirituais à Terra, no momento exato da necessidade de progresso e redenção dos encarnados. O encontro planetário entre Júpiter, Saturno e Marte, sob o signo de Pisces foi o cumprimento de uma etapa devidamente prevista pelos Mestres do atual “Grande Plano” em execução. E os estudiosos do tema astrológico poderão verificar que o ano de 748, da fundação de Roma, quase 9.000 anos após a civilização adâmica, marcou a mais exuberante conjunção de astros do vosso sistema solar na abóboda celeste, produzida realmente por esse poderoso grupo de planetas: Saturno, Júpiter e Marte.

Assim foi calculado o tempo exato em que se daria o esponsalício desse tri planetário, quando a Terra ficasse sob a influência do magnetismo suave do signo de Pisces, para então baixar um Messias e estabelecer um novo Código Espiritual de libertação dos terrícolas. E Jesus fora eleito para entregar pessoalmente o Evangelho e ensiná-lo aos homens, a fim de ajudá-los a resistir aos impulsos da animalidade e prepará-los para o “Fim dos Tempos” em que já viveis. Realmente, são decorridos 2.000 anos da crucificação de Jesus, e a humanidade terrena vive a época perigosa e tão bem definida por João Evangelista como a “Besta do Apocalipse”. (“A Besta Apocalíptica” representa, pois, a alma global e instintiva de todas as manifestações desregradas; ela age sorrateiramente nas criaturas negligentes e sempre lhes ajusta emoções que incentivam a insanidade, a corrupção e a imoralidade geral. Cap.IX, “A Besta Apocalíptica”, da obra de Ramatís, “Mensagens do Astral”).

PERGUNTA:- Como foi prevista a vinda de Jesus à Terra, há tantos milênios?

RAMATÍS:- A encarnação de Jesus, na Terra, foi prevista e fixada durante a elaboração do “Grande Plano” atualmente em transcurso no Universo. A Administração Sideral então cogitou de eleger um espírito da esfera dos “Amadores”, mais tarde conhecido como Jesus de Nazaré, a fim de cumprir a missão redentora sobre a face da Terra na época aprazada. Repetimos que não há surpresas nem confusões no funcionamento do mecanismo sideral do Cosmo; em conseqüência, foram perfeitamente previstas e determinadas todas as premissas, etapas e conclusões na vida messiânica do Mestre Jesus, o Redentor dos homens terrenos!

PERGUNTA:- Nesse caso, toda a atividade de Jsus, de sua família e dos seus apóstolos e discípulos, foram acontecimentos enquadrados rigidamente pela Administração Sideral no esquema de sua missão na Terra?

RAMATÍS:- A vida de Jesus não foi um automatismo, nem conseqüência de deliberação do Alto, impondo o Cristianismo de qualquer modo; mas os acontecimentos principais foram esquematizados dentro de um plano de sucesso espiritual, em que não fosse tolhida a vontade, o pensamento e o sentimento de todos os seus participantes encarnados ou desencarnados. Espíritos eleitos, escolhidos e convidados participaram desse programa messiânico de benefício coletivo, sob a égide do Messias, mas nenhum deles foi cerceado no seu livre arbítrio.

Os apóstolos, discípulos e seguidores de Jesus, ao servi-lo para o êxito de sua sublime missão, também buscaram sua própria renovação espiritual e imolaram-se para a florescência de um ideal superior, liquidando velhas contas cármicas assumidas no pretérito.O sangue cristão derramado para alimentar os fundamentos do Cristianismo, também lavou as vestes perispirituais dos seus próprios mártires. Pedro foi crucificado, Estevam lapidado, João foi torturado e Paulo degolado; tudo em favor da abençoada idéia de libertação espiritual, cujos destinos cármicos foram acertados sob a bússola de Jesus. Resplandecendo no holocausto messiânico da Era Cristã!

No entanto, Jesus, o aluno menos necessitado do banco escolar terreno, foi justamente o mais sacrificado, pois ele descera à matéria, esperançado de melhorar o padrão espiritual dos seus queridos pupilos!

PERGUNTA:- Qual a idéia que poderíamos fazer dessa previsão tão acertada da Administração Sideral, a ponto de antecipar com segurança os acontecimentos messiânicos de Jesus? Se não se tratava de um automatismo, como prever com exatidão todas aas atitudes e reações do Mestre até o sucesso final?

RAMATÍS:- Assim como podeis prever que geniais pintores ou músicos hão de produzir pintura e composições musicais incomuns, pois isso é próprio de sua natureza excepcional, obviamente, os Planejadores Siderais também podiam confiar no sucesso da missão de Jesus, em face do seu elevado padrão espiritual angélico, inacessível a qualquer deformação. No entanto, como o Messias e Instrutor da humanidade terrena, ele também precisaria de discípulos e cooperadores decididos, tal qual o compositor genial exige boa instrumentação para o êxito de suas peças musicais. Tratava-se, portanto, de um Espírito de elevada contextura sideral, e incapaz de se deixar atrair pelas ilusões ou tentações de um mundo material.

O alto não opunha qualquer dúvida a respeito da tarefa messiânica de Jesus, conhecendo-lhe o inesgotável Amor em favor dos homens e a capacidade de renúncia diante de qualquer sacrifício e da própria morte! Daí a escolha para a sua obra de tipos psicológicos que o cercaram durante sua romagem terrena, e no momento oportuno também deram-lhe os melhores testemunhos de fidelidades e abnegação em favor da mensagem sublime do Evangelho. Eram pescadores, campônios, publicanos, criaturas bastante rudes e até impossibilitadas de compreender o alcance de sua participação na obra de Jesus; mas abdicaram dos seus bens e da própria família a fim de sustentar-lhe a pregação messiânica.

Sem dúvida, os intelectuais da época jamais se arriscariam ao ridículo de admitirem ou divulgarem as noções tão singelas e utópicas do Cristianismo nascente, e que num ambiente fanático e de cobiças e ódios, pregava o amor, a bondade e a renúncia entre escravos e senhores, ricos e pobres, santos e prostitutas, cultos e analfabetos! Mas tudo isso foi possível, pois acima da rudeza de homens tão simples e pobres, como foram os apóstolos, prevaleceu-lhes a força extraordinária de uma fé incomum e a sinceridade pura, criando a seiva indestrutível para adubar a fazer crescer a árvore do Evangelho na gleba terrena!

A atividade de Jesus foi prevista com segurança e êxito no mundo físico e sem quaisquer preocupações antecipadas dos Mestres Siderais, porque o seu padrão angélico era garantia suficiente para profetizar a sua verdadeira conduta, no testemunho sacrificial da cruz!

PERGUNTA:- Por que motivo ainda não podemos compreender a verdadeira significação da paixão de Jesus?

RESPOSTA:- É um equivoco da tradição religiosa considerar que o supremo sacrifício de Jesus consistiu essencialmente na sua paixão e sofrimento, compreendidos entre a condenação de Pilatos e o holocausto da cruz! Se o verdadeiro sacrifício do Amado Mestre se tivesse resumido nos açoites, nas dores físicas e na sua crucificação injusta, então os leprosos, os cancerosos, os gangrenosos deveriam ser outros tantos missionários gloriosos e eleitos para a salvação da humanidade! Os hospitais gozariam da fama de templos e viveiros de “ungidos” de Deus, capazes de salvarem a humanidade dedicando a ela suas dores e gemidos lancinantes. Milhares de homens já tem sofrido tormentos mais atrozes do que as dores físicas suportadas por Jesus naquela terrível sexta-feira, mas nem por isso foram consagrados como salvadores da humanidade!

PERGUNTA:- Então, nesse caso, o maior sofrimento de Jesus consistiu na sua dor moral ante a ingratidão de nossa humanidade. Não é assim?

RAMATÍS:- Jesus, como sábio e psicólogo sideral, compreendia perfeitamente a natureza psíquica de vossa humanidade, pois os pecados dos homens eram frutos da sua imaturidade espiritual. Jamais ele sofreria pelos insultos e ápodos, ou pelas ingratidões e crueldades humanas, ao reconhecer nas criaturas terrenas mais ignorância e menos maldade! Porventura os professores se ofendem com as estultícias e travessuras dos pequenos que ainda freqüentam os jardins de infância, considerando injúrias ou crimes aquilo que ainda é próprio da irresponsabilidade infantil?

A piedade e o amor excelsos de Jesus faziam-no sofrer mais pelo descaso dos homens em promover a sua própria felicidade, do que mesmo pela ingratidão deles. O seu verdadeiro sacrifício e sofrimento, enfim, foram decorrentes da penosa e indescritível operação milenar durante o descenso espiritual vibratório, para ajustar o seu psiquismo angélico à freqüência material do homem terreno. A Lei exige a redução vibratória até para os espíritos menos credenciados no Espaço, cuja encarnação terrena, às vezes se apresenta dificultosa nesse auto-esforço de ligar-se à carne. Mas Jesus, embora espírito de uma freqüência sideral vibratória a longa distância da matéria, por amor ao homem, não hesitou em suportar terríveis pressões magnéticas dos planos inferiores que deveria atravessa gradualmente em direção à crosta terráquea.

Já pensastes no sofrimento de um condor abandonado a atmosfera pura dos Andes e baixando dos altos píncaros até oprimir-se, cá embaixo, pelo pó ou pelo lodo a enlamear-lhe as penas e o corpo? E depois de exausto pela agressividade exterior e tolhido na sua ansiedade de volição, ainda se deixa aprisionar numa estreita gaiola a lhe molestar os movimentos mais amplos? Jamais alguém efetuou empreendimento tão intenso e extraordinário para descer do Alto e amoldar-se à forma física, conforme fez Jesus, a fim de submeter-se às leis imutáveis do cientificismo cósmico, em vez de derrogá-las!

Ele desceu através de todos os planos inferiores, desde o mental, astralino e etérico, até poder manifestar-se com sucesso na contextura carnal e letárgica da figura humana. Abandonando os píncaros formosos do seu reino de glória, imergiu lentamente no oceano de fluidos impuros e agressivos, produzidos pelas paixões violentas dos homens da Terra e dos desencarnados do Além.

Embora se tratasse de um anjo do Senhor, a Lei Sideral obrigava-o a dobrar suas asas resplandecentes e percorrer solitariamente o longo caminho da “via interna”, até vibrar na face sombria do orbe terráqueo e entregar pessoalmente a sua Mensagem de Amor! O Sublime Peregrino descido dos céus lembra o mensageiro terreno, que após exaurir-se no tormento da caminhada de muitos quilômetros, deve entregar a “carta da libertação” a infelizes prisioneiros exilados de sua Pátria!

Assim, aos 33 anos de vida física de Jesus significam apenas o momento em que ele faz a entrega da mensagem espiritual do Evangelho, pois o processo espinhoso e aflitivo até imergi-lo nos fluidos terráqueos durou um milênio do calendário humano! Essa operação indescritível de sua descida sacrificial em direção à Terra é, na realidade, sua verdadeira “Paixão”, pois só os anjos, que o acompanhavam distanciando-se cada vez mais, por força da diferença vibratória, é que realmente podiam compreender a extensão do heroísmo e sofrimento de Jesus, quando deixou o seu mundo rutilante de luzes e prenhe de beleza, para então habitar um corpo de carne em benefício dos terrícolas!

Após ajustar o seu corpo mental e reativar o mecanismo complexo do cérebro perispiritual, em seguida, Jesus desatou o corpo astralino para vibrar ao nível das emoções humanas. Atingido o limiar do mundo invisível e do material, então fez o seu estágio final, incorporando-se no Éter Físico ectoplásmico, para compor o “duplo etérico” e os centros de forças conhecidos por “chacras”, que deveriam se desenvolver e estruturar-se durante a gestação carnal. Em seguida, integrou-se definitivamente na atmosfera do mundo físico, corporificando-se, mais tarde, no mais encantador menino que a Terra já havia conhecido! (Vide as seguintes obras que abordam assunto semelhante: “Os Chacras”, “O Plano Astral” e “O Plano Mental”, de Laedbeater; “O Duplo Etérico”, de Powell, obras editadas pela Editora Teosófica Adyar S.A. e Editora Pensamento, e “Elucidações do Além”, de Ramatís, editada pela Livraria Freitas Bastos S.A.).-

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