quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A DESCIDA ANGÉLICA E A QUEDA ANGÉLICA

SEXTA PARTE


PERGUNTA:- Poderíeis esclarecer-nos qual é a diferença entre a “descida angélica” e a “queda angélica”, a fim de compreendermos melhor a descida vibratória de Jesus ao nosso mundo físico?

RAMATÍS:- A descida angélica é quando o Espírito de Deus desce vibratoriamente até o extremo convencional da Matéria, cujo acontecimento é conhecido pelos hindus como o “Dia de Brahma” e distingue o fenômeno da criação0 no seio do próprio Criador. É uma operação que abrange todo o Cosmo, ainda incompreensível para o homem finito e escravo das formas transitórias. A queda angélica, no entanto, refere-se especificamente à precipitação ou exílio de espíritos rebeldes, que depois de reprovados na tradicional seleção espiritual de “Fim dos Tempos” ou de “Juízos Finais”, Transladam-se do orbe de sua moradia para outros mundos inferiores. Os reprovados colocam-se simbolicamente à esquerda do Cristo, que é o Amor, e emigram para outros planetas em afinidade com a sua índole revoltosa e má, a fim de repetirem as lições espirituais negligenciadas e então recuperarem o tempo perdido mediante um labor educativo mais rigoroso.

Daí a lenda da “queda dos anjos”, que se revoltaram contra Deus; e depois de expulsos do Céu transformaram-se em “diabos” decididos a atormentar os homens! Aliás, tais “anjos” são espíritos de inteligência algo desenvolvida, que lideraram movimentos de realce e foram prepotentes nos mundos transitórios da carne, onde se impuseram por um excesso intelectivo, causando sérios prejuízos ao próximo. Maquiavélicos, cruéis ou astutos, renegam-se _a retificação espiritual espontânea e opõem-se veementemente contra quaisquer diretrizes redentoras que lhes façam sofrer ou lhes exijam a renúncia, o perdão e a prática do amor ensinados pelo Cristo-Jesus! São obstinados, argutos e arrojados, mas profundamente egotístas cedem no seu orgulho e recusam-se a aderir a qualquer princípio crístico do mundo angélico! O seu conceito radical e obstinado é o seguinte: “O mundo material pertence aos homens e o Céu aos anjos”! Então eles caem de suas posições prestigiosas e perdem-se pelo despotismo, pois se a razão lhes dá a medida exata do mundo de formas, infelizmente isso lhes aniquila o senso intuitivo da realidade espiritual! Os anjos decaídos são espíritos rebeldes a qualquer insinuação redentora que lhes fira o orgulho ou lhes enfraqueça a personalidade humana!

Quando encarnados, mobilizam seu talento incomum para demolir as instituições e os movimentos que exaltem as virtudes da alma e fortaleçam o comando angélico; quando desencarnados, filiam-se a qualquer empreitada satânica do mundo astral, desde que tenha por objetivo combater as hostes do Cristo! Aviltam-se pela obstinação furiosa contra os poderes angélicos e se endurecem no sentimento ante a recusa de aceitar o processo cármico redentor através do sofrimento ou da humildade. Em verdade, eles se envergonham de aderir à ternura, à tolerância e ao amor pregados por Jesus.

Mas depois de exilados para os orbes inferiores, submetidos ao tradicional processo seletivo de “Fim de Tempos” ou “Juízo Final”, esses “anjos” decaídos terminam cedendo em sua estrutura personal orgulhosa, quer enfraquecidos pelos vícios incontroláveis, como destroçados pelas paixões devoradoras! Destruído o paredão granítico de sua vaidade e orgulho, então lhe reponta a fulgência da luz angélica que palpita no âmago de toda criatura. Sem dúvida, essa imigração de anjos decaídos, ou de espíritos rebeldes, de um orbe superior para outro inferior, evita o período da saturação satânica no ambiente astralino das humanidades, porque a carga nociva alijada faz desafogar a vida espiritual superior, tal quais as flores repontam mais vivas e belas nos jardins que se livram das ervas malignas!

Em conseqüência, tem fundamento a lenda bíblica da “queda dos anjos”, embora, às vezes, alguns a confundam com o processo da “descida angélica”, o que é bem diferente e refere-se a quando Deus cria os mundos planetários e se manifesta exteriormente, no ciclo de um novo Grande Plano criador. (Parece-nos que o consagrado Prof. Pietro Ubaldi, autor da “Grande Síntese”, confundiu a queda angélica com a descida angélica, em sua obra “Deus e o Universo” – cap. V, pág. 64, 1ª. Edição. Conforme diz Ramatís, na descida angélica, “Deus desce até a fase-matéria e cria o Universo exterior das formas; porém, na queda angélica, os espíritos reprovados na seleção espiritual dos seus mundos eletivos, precisam repetir as mesmas lições noutros orbes inferiores, para onde são exilados”. Acreditamos que o conhecimento espiritista da reencarnação seria suficiente para Pietro Ubaldi ajustar a sua tese.Aconselhamos os leitores a examinarem os excelentes artigos de Henrique Rodrigues, na “Revista Internacional do Espiritismo” ns. 7 a 10 de 15 de julho e 15 de novembro de 1956, assim como a análise de Edgard Armond, inserido no “O Semeador”, n. 140, de junho de 1956, órgão da Federação Espírita de São Paulo, que abordam o assunto da queda dos anjos, na obra “Deus e o Universo”, de Pietro Ubaldi.

PERGUNTA:- Considerando-se a descida dificultosa de Jesus à Terra, qual seria, então o processo de retorno ao seu mundo angélico, depois de sua desencarnação na cruz e do término de sua heróica missão?

RAMATÍS:- Enquanto o Espírito superior, na sua descida, algema-se à carne pela redução de sua energia perispiritual, então ele se liberta quando retorna aos seus paramos de luz, num processo oposto, que é a aceleração energética. No primeiro caso é o aprisionamento opressivo na forma, e, no segundo, a libertação para reassumir a sua condição Natural superior. Jamais se pode comparar a ascensão ou retorno espontâneo de Jesus em direção ao seu mundo angélico, operação mais fácil e libertativa, com sua descida vibratória tão difícil e tormentosa! Ascensionando, ele abandonou a matéria em fuga energética natural acelerada; mas a descida reduziu-lhe a função normal de sua delicada contextura perispiritual e a própria memória sideral se obscureceu para poder se ajustar aos limites acanhados do cérebro humano!

Como a Técnica Sideral não consegue elevar a freqüência vibratória dos planos inferiores até ao nível energético de um espírito do tipo de um Jesus, ela precisa processar-lhe, gradualmente, a redução perispiritual de plano superior para plano inferior, até ajustá-lo ao casulo carnal. Essa operação sideral redutora implica na incorporação sucessiva de energias cada vez mais inferiores e letárgicas na vestimenta resplandecente da entidade em descenço. Embora seja um exemplo incorreto, lembramos que o mergulhador, além de vestir o escafandro pesado e opressivo, ainda fica circunscrito à natureza da fauna e à densidadde diificultosa no meio líquido onde opera. Sem dúvida, é bem grande a diferença do escafandrista oprimido no seio da água, com o homem em liberdade no ambiente gasoso da superfície terrena, onde o oxigênio dispensa aparelhamentos especiais para ser absorvido.

Mas apesar de todas as dificuldades e óbices à sua elevada natureza espiritual, Jesus, o Sublime Amigo do homem, não hesitou em aceitar o sacrifício sideral de deixar o seu mundo de Luz, para submeter-se heroicamente às leis e às formas escravizantes do planeta Terra.

PERGUNTA:- Consoante vossa descrição, , deduzimos que Jesus ainda continua a sofrer os impactos vibratórios hostis do mundo material, caso um estado angélico não imunize o Espírito contra as reações dos planos inferiores.

RAMATÍS:- É obvio que no seu excelso “habitat”, Jesus não solfre o impacto das forças inferiores, pois estas só o afetaram enquanto ele precisou situar-se no seio da matéria. O seu padrão angélico o torna imune às freqüências vibratórias mais grosseiras, assim como o pó não afeta a luz do Sol e as ondas hertzianas não se deformam de encontro ao charco. No entanto, se o Sol precisasse habitar o banhado, é obvio que ele também sofreria as suas emanações fétidas. Quando em liberdade espiritual, o imenso campo áurico de luz e a emanação crística de Jesus ainda alentam e purificam os seres mais ínfimos que lhe tomam contato, mas não o hostilizam como seria na Terra. Mas na sua descida espiritual até a matéria, ele teve de nivelar-se às vibrações contundentes das faixas retardadas e próprias de cada plano inferior em que se manifestava.

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