terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A descida vibratória do Mestre

QUINTA PARTE

A descida vibratória do Mestre, para atingir o vosso plano físico, foi apenas uma fase à qual ele se ajustou por amor ao vosso mundo, reduzindo o padrão de suas funções angélicas para desempenhar, com sucesso absoluto, a sua missão de salvador da humanidade. Não podeis subestimar as fronteiras vibratórias que separam e disciplinam as várias manifestações da vida cósmica. É muito longa a faixa ou distância existente entre um anjo e o homem. E Jesus, sendo a mais alta entidade presente no vosso mundo, obviamente, com sua poderosa vontade, mobilizou os espantosos recursos necessários para executar fielmente o Divino Mandato da sua tarefa messiânica.

Na impossibilidade de requintar ele a matéria ou elevar o padrão vibratório dos planos intermediários entre si e a Terra, o único recurso viável do cientificismo cósmico teria de consistir na sua ”auto-redução” aos veículos que deveria incorporar gradativamente, quais elos de ligação dos planos subangélicos até à carne. O escafandrista, ao descer ao fundo dos mares, embora permaneça senhor de sua consciência, fica circunscrito ao meio líquido, à sua fauna e densidade; a sua capacidade normal, do meio externo, fica reduzida. Tal descida exige-lhe uma técnica especial e uma prévia adaptação às leis naturais do plano aquático onde vai fixar-se e agir.

Jesus, qual andorinha a debater-se no lodo viscoso da um lago, deixou-se submergir no “mar” da vida humana, ajustando-se heroicamente às contingências sombrias do planeta. Se ele pudesse ficar-se, instantaneamente, no corpo físico, na fase de sua gestação, seria o mesmo que alguém conseguir, de um golpe, aprisionar um raio de sol num vaso de barro!

O Messias, cuja aura é imenso facho de luz a envolver a Terra, - do que a sua transfiguração no Tabor nos dá uma pálida idéia – teve que transpor densas barreiras fluídicas e enfrentar terríveis bombardeios mentais, satânicos, suportando os efeitos da viscosa névoa magnética do astral inferior a envolver a sua aura espiritual. Vapores sádicos atingiram-lhe o campo emotivo-angélico, no turbilhão de vendavais arrasantes produzidos pelas paixões tóxicas da humanidade ainda dominada pelos instintos animalizados!

Em sentido inverso, após o seu sacrifício no Calvário, o seu retorno ao mundo celestial foi um desafogo, uma libertação dos liames grosseiros que o retinham na Terra.

Se Jesus não suportou sofrimentos acerbos na sua descida para a matéria, só por tratar-se de um espírito angélico, é obvio que ele também teria sido insensível às reações contundentes da vida carnal e jamais sofreria em sua existência messiânica. A alma sublime, à medida que ingressa nos fluídos mais grosseiros dos mundos materiais, para aí viver e se manifestar, ela também sofre os impactos, os efeitos e as reações próprias desse ambiente hostil, pois não pode eximir-se da ação e reação das leis físicas criadas por Deus na dinâmica dos mundos materiais.

A descrença dos espíritas e sua dúvidas de Jesus gastar quase mil anos no esforço sublime de baixar à Terra talvez resulte desse longo período tão impressionável para os homens. Um milênio do calendário humano avulta na mente do homem, pois ele mal atinge a média de 60 ou 80 anos de idade na sua vida terrestre. Para quem coordena sua existência pela contagem da folhinha humana, é demasiadamente extenso, e até inverossímil, que Jesus tenha consumido mil anos para a descida vibratória e apenas vivido 33 anos na face da Terra. Contudo, a mesma medida milenária capaz de produzir tanta impressão no cérebro humano, não passa de fugaz minuto no relógio da Eternidade, pois os espíritos vivem fora do espaço e do tempo das convenções terrenas. A descida milenária de Jesus foi somente uma etapa prevista pela Técnica Sideral, quando ele reduziu o seu poder e a sua consciência angélica por amor à humanidade, a fim de comparecer pessoalmente à “escola primária” terrena e entregar a mensagem salvadora. Mas a sua peregrinação do Céu à Terra, foi-lhe dolorosa e sacrificial, lembrando o príncipe que deixa o seu palácio resplandecente para descer aos charcos onde vivem cancerosos, réprobos e leprosos, junto aos quais ele não se livra de aspirar-lhes as emanações empestadas, nem mesmo evita de sofrer alguns danos em sua veste fidalga. Aliás, conforme diz um velho provérbio popular, “no meio do espinheiro, rasga mais facilmente o traje de seda do que a veste de couro”!

Malgrado a dúvida suscitada por protestantes, católicos e espíritas, eles não podem anular a diferença vibratória existente entre o mundo angélico e o mundo humano. Caso Jesus resolvesse encarnar-se na Terra, então já de há muitos anos ele teria iniciado a sua descida vibratória, obediente às mesmas leis imutáveis que lhe disciplinaram a encarnação messiânica há dois mil anos.

Se a descida angélica da Mente Divina até a fase-matéria, que forma o mundo das formas exteriores, é disciplinada por leis fixas que regulam essa expansão do Espírito de Deus para fora de Si Mesmo, por que a manifestação de Jesus na carne humana deveria contrariar o ritmo cósmico da Criação?

PERGUNTA:- a Bíblia, porventura, faz alguma referência que confirme ou esclareça essa descida milenária do Mestre Jesus, assim como explicais?

RAMATÍS:- Quando Moisés terminou sua missão combativa, e por vezes até cruel, no seu compromisso de codificar a idéia de um Deus único entre o povo hebreu retirado do Egito, Jesus então estabeleceu os planos para a sua descida messiânica à Terra, a fim de reajustar os ensinamentos dos seus predecessores. O profeta Isaias, tocado pela graça do Senhor e pressentindo essa “descida vibratória” do Mestre Cristão, então anuncia o seguinte: “Já um pequenino se acha nascido para nós, e um filho dado a nós, e o nome com que se apelidará será Deus forte, Pai do futuro século, Príncipe da Paz. O seu império se estenderá cada vez mais e a Paz não terá fim” (Cap. IX, v. 6 e 7). Miquéias também alude ao mesmo fato, dizendo: “E tu, Belém, tu és pequenina entre os milhares de Judá, mas de ti é que há de sair aquele que há de reinar em Israel, e cuja geração é desde o princípio, desde os dias da eternidade” (Cap. V, vers. 2).

PERGUNTA:- Disseste há pouco que até certas almas sem grandes credenciais psíquicas podem encontrar dificuldades na sua descida para a carne. Poderíeis assinalar qualquer obra mediúnica, ditada por Espíritos de confiança e através de médiuns criteriosos, capaz de ajudar-nos a associar acontecimentos semelhantes com a descida sacrificial de Jesus por entre os fluidos densos do nosso planeta?

RAMATÍS:- Embora reconhecendo a excelente bibliografia espírita que já existe a esse respeito, citaremos algumas obras mediúnicas de nossa confiança, de preferência través da psicografia de Chico Xavier. Na obra “Voltei” ditada pelo espírito de Irmão Jacó, à pag. 127, o autor menciona uma centenas de espíritos singularmente iluminados, em profunda concentração, e assim explica: “Aqueles são vanguardeiros da pureza e da sabedoria, que fornecem fluidos para materializações de ordem sublime”. Em “Libertação”, André Luiz, outro espírito, à pag. 41, alínea 11, registra idêntica cena: “Os doadores de energia radiante, médiuns de materializações em nosso plano, se alinhavam, não longe, em número de vinte”.

No entanto, essas providências técnicas transcendentais não se referiam ao nascimento na carne, mas apenas para se materializarem Espíritos no próprio mundo astral adjacente à Terra, a fim de poderem efetuar curtas preleções na colônia designada pelo nome de “Nosso Lar”. Malgrado ainda se tratarem de acontecimentos exclusivos do plano espiritual, assim mesmo eles requeriam complexos recursos e a mobilização de energias superiores de sustentação de um campo vibratório acessível às entidades comunicantes de natureza superior. Imaginai, então, o dispêndio de forças e as indescritíveis atividades siderais mobilizados pelo Alto, a fim de que Jesus pudesse se reduzir no seu comando espiritual e na sua aura refulgente, para pode vestir o opressivo escafandro de carne depois da sacrificial descida vibratória?

PERGUNTA:- Poderíeis citar-nos mais alguns exemplos quanto à necessidade de Jesus reduzir propriamente o seu perispírito para alcançar a carne?

RAMATÍS:- Evidentemente, a leitura das obras citadas, no seu desdobramento dos fenômenos em questão, dar-vos-á melhores elucidações quanto a um estudo mais profundo. Mas atendendo a vossa pergunta, recomendamos sobre o assunto a leitura de todo o Capítulo XIII, inserido na obra mediúnica “Missionários da Luz”, no qual se estuda o mecanismo da reencarnação de uma entidade com algumas prerrogativas a seu favor. Citando pequenos tópicos desse livro, indicamos a pag. 205, alínea 8, onde os técnicos se dirigem ao espírito Segismundo, a entidade reencarnante, e assim lhe dizem: “Dê trabalho à sua imaginação criadora. Mentalize os primórdios da condição fetal, formando em sua mente o modelo adequado”. Além, na pág. 214, alínea 20, lereis: “Agora – continuou o instrutor – sintonize conosco relativamente à forma infantil. Mentalize sua volta ao refugio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem!” Ainda na mesma página, alínea 32, o autor elucida: “A operação não foi curta, sem simples. Identificava o esforço geral para que se efetuasse a redução necessária”. É evidente que ainda não estamos em condições de compreender o processo sideral da descida de Jesus, cujo tempo do calendário humano despendeu quase um milênio no esforço de auto-redução antes de atingir a Terra. Se uma encarnação tão simples, como relatam os espíritos credenciados no Espaço, pela obras que citamos, exige tais recursos e mobilizam assistência superior, imaginai a atividade angélica durante um milênio preparando e consolidando o advento do Messias à Terra! E a mesma obra ainda confirma essa assistência superior quando na pág. 217, alínea 13, assim diz: “Em todo o lugar desenvolve-se o auxílio da esfera superior, desde que se encontre em jogo o trabalho da Vontade de Deus. Entretanto, devemos considerar que, em tais circunstâncias, as atividades de auxílio são verdadeiramente sacrificiais. As vibrações contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio comprometem os nossos melhores esforços...” (Nota do Médium:- Ramatís apenas indicou-nos as páginas das obras citadas e as respectivas alíneas, que então copiamos para facilidade de uma transcrição mais direta. Para isso usamos as seguintes obras: “Voltei”, 1ª. Edição, do espírito de Irmão Jacó; “Libertação”, 2ª. Edição; “Missionários da Luz”, 4ª. Edição, e “Nosso Lar – 1ª. Edição, estas últimas ditadas pelo espírito de André Luiz.

PERGUNTA:- Ser-vos-ia possível também assinalar alguns conceitos mediúnicos de confiança espiritual, que nos expliquem a necessidade da higienização dos fluídos ambientais?

RESPOSTA:- Ainda recorrendo às obras psicografadas pro Francisco Xavier, citamos “Nosso Lar”, quando o seu autor espiritual diz, à pág. 199, alínea 1: “Todas as tarefas de assistência imediata funcionam perfeitamente, a despeito do ar asfixiante, saturado de vibrações destruidoras”. E na alínea 12: “Aos fluídos venenosos da metralha, casam-se as emanações pestilentas do ódio e tornam quase impossível qualquer auxílio”. Tratava-se de singela comissão de Espíritos em tarefa de socorro sobre os campos de batalha, na zona européia, classificada como verdadeiro inferno de indescritíveis proporções. Essa descrição de más vibrações apenas em zona do vosso globo, bem pode servir para avaliardes o efeito que a massa mental odiosa e corrosiva, da vossa humanidade, produziu na maravilhosa e delicada tessitura perispiritual de Jesus, na sua sintonia com os planos intermediários da carne.

Na obra “Libertação”. Pág. 53, alínea 36, o autor espiritual focaliza muito bem, em miniatura, um descenço sideral pelo qual se pode avaliar o que teria sofrido Jesus. Diz o autor: “Nossas organizações perispiríticas à maneira de escafandro estruturado em material absorvente, por ato deliberado de nossa vontade, não devem reagir contra as baixas vibrações deste plano. Estamos na posição de homens que, por amor, descessem a operar num imenso lago de lodo; para socorrer eficientemente os que se adaptaram a ele, são compelidos a cobrir-se com as substâncias do charco, sofrendo-lhes, com paciência e coragem, e influência deprimente”. Na alínea 18, pág. 54, da mesma obra, lê-se: “Chegou para nós o momento de pequeno testemunho. Muita capacidade de renuncia é indispensável, a fim de alcançarmos nossos fins”.

Achamos desnecessário assinalarmos outras obras para justificar a heróica descida de Jesus à Terra, quando já podeis ajuizar o imenso sacrifício que efetuam os espíritos benfeitores desencarnados, apenas para socorrer os seus companheiros infelizes atolados nos pântanos cruciantes dos abismos inferiores do Além. Jamais o homem poderá avaliar o prodigioso esforço de Jesus e o imenso trabalho da Técnica Sideral para ele alcançar a atmosfera opressiva do globo terráqueo e se fazer sentível entre os homens perturbados pelas paixões e pelos vícios insaciáveis. O seu perispírito delicadíssimo sofria tanto os bombardeios mentais dos terrícolas, como a violenta ofensiva dos espíritos das sombras, que tentavam impedir-lhe a encarnação terrena, pois o êxito da mesma decorria o enfraquecimento do comando satânico do mundo oculto sobre os homens. (No “Anuário Espírita de 1964”, pág. 38 de “Entrevistando André Luiz”, os diretores dessa revista fizeram a seguinte pergunta ao espírito em questão: “Reencarnações de espíritos de ordem superior, presididas por espíritos elevados, em meio inferior, estão sujeitas a represálias por parte de organizações espirituais interessadas na ignorância humana?” A resposta de André Luiz ajusta-se perfeitamente aos dizeres de Ramatís sobre o assédio dos espíritos das sombras na “descida” de Jesus, quando ele assim responde: “Natural que assim seja. Recordemos o próprio Jesus”).

Jesus viu-se obrigado a mobilizar as energias mais adversas e a recompor, com a matéria de cada plano denso em que se manifestava, o seu equipo espiritual, já abandonado pela sua ascensão espiritual feita através de outros mundos já extintos. Ele teve de adensar-se o mais possível até se fazer sentível entre os homens e poder situar-se no corpo carnal gerado por Maria.

PERGUNTA:- Qual o motivo, por que as tradições religiosas desconhecem ou encobrem a “descida” de Jesus da maneira como a explicais? Aliás, o Mestre só é conhecido a partir do seu nascimento e se finda no sacrifício do Calvário, onde situam o ponto máximo de sua dor e sofrimento. Os católicos, no entanto, crêem na sua ressurreição e ascensão ao céu em “corpo e alma”, mas não se referem à “descida”. Que dizeis?

RAMATÍS:- A Igreja Católica não admite o exercício e a divulgação da mediunidade, conforme o aceitam e cultivam o Espiritismo e outros movimentos espiritualistas; obviamente, ela também não pode recepcionar e entender as elucidações sobre a estóica descida de Jesus à carne. Apegada ainda ao “milagre”, crê na história absurda e ingênua de Jesus subir aos céus em “corpo e alma”, embora isso desminta a própria disciplina e a imutabilidade das leis siderais que regem as relações do espírito com a matéria. Como admitir-se Jesus subestimando o traje refulgente de sua alma angélica, para depois substituí-lo pela opacidade de um corpo físico no seu retorno ao reino celestial? Por que ele iria transportar para o Céu um organismo de carne, cuja alimentação e exigências fisiológicas dependeriam exclusivamente da Terra? Ou então buscar o ventre materno de Maria, para gerar-se, nascer, crescer e depois de adulto arrasar as leis comuns da vida humana, pela sua absurda ascensão ao Céu, em corpo e alma? Se ele pudesse efetuar tal milagre, então poderia ter-se materializado na Terra, já em figura de adulto, em vez de recorrer ao processo dificultoso da gestação humana!

Os crentes dessa ascensão instantânea, em que o Mestre Cristão eliminou todos os óbices e impedimentos sensatos criados pela estrutura do Cosmo, também não podem compreender nem admitir a sua descida vibratória sucedida num milênio do calendário terreno, pois se foi tão fácil a subida, deveria ser bem mais fácil a descida! E os religiosos dogmáticos, que ainda consideram Jesus como sendo o próprio Deus materializado na Terra, não vêem motivos para ele não poder triunfar sobre as próprias leis do Universo.

Assim como a criança, embevecida na contemplação da lâmpada elétrica, custa a compreender o mecanismo prosaico da Usina que lhe dá a luz, esses religiosos excessivamente místicos e ainda afeitos ao sobrenatural, também sofrem imensamente ao admitir a perspectiva de Jesus se enquadrar no mecanismo de uma técnica sidéria, para só então lhe permitir a manifestação na Terra.

PERGUNTA:- Em nossas indagações, temos observado que a tese da descida ou da auto-redução vibratória do Espírito de Jesus para alcançar a Terra, tanto é recusada pelos católicos, protestantes, como também por diversos espíritas. Estes crêem que o espírito sofre apenas enquanto se “limita” ou se “encaixa” no ventre materno, durante o período gestativo, para então reduzir o perispírito à forma fetal, e depois despertar e desenvolver-se na organização humana.

RAMATIS:- Antes de elucidar a vossa solicitação, recomendamos a leitura de mais um trecho da obra “Missionários da Luz”, cap. XIII, “Reencarnação”, quando o instrutor Alexandre assim insistia com o espírito de Segismundo, em processo de reencarnação: “Agora, continuou o instrutor, sintonize conosco relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino; imagine a sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a se homem”. Cumpre-nos salientar que não se tratava de espírito de alta linhagem espiritual, assim como ainda não se processava o fenômeno da gestação, mas apenas o preparo para a incubação uterina. Em conseqüência, poderemos imaginar quão dificultoso deveria ter sido o processo da encarnação de Jesus!

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